terça-feira, dezembro 27, 2005

2006

Sempre que revelo ter dificuldade pra enxergar as coisas que estão longe, me perguntam se eu uso óculos. Aí vem o muito familiar discurso explicando que eu deveria usar, mas eles sempre ficam em casa, e que só uso quando quero realmente ver as coisas ou que dessa forma eu posso fingir para os professores que estou prestando atenção, mesmo sem nem ao menos conseguir definir suas feições.
Quando alguém vê os meus óculos, percebe na hora o quanto eles estão gastos, com as lentes arranhadas e a armação meio torta para um lado. Na verdade, ele nunca coube direito no meu rosto, mas isso nunca me incomodou. Nunca me preocupei de enxergar o mundo direito.
Mas a pergunta “Há quanto tempo você usa óculos?” sempre teve uma resposta exata e em números, porque a matemática é algo confiável, “Há faz uns 2 anos”. Entretanto, hoje eu percebi que ela está errada, eu comecei a usar óculos em 2000 e mesmo quando deixei de usá-los em 2004, já faziam mais de 3 anos. E mesmo nestes anos anteriores eu não os usava devidamente.
Então, para 2006 acho que a minha resolução é usar meus óculos. Tá bom, né?
Isso que dá ler Maria Lúcia Medeiros ouvindo Los Hermanos.

segunda-feira, dezembro 26, 2005

Muita Calma

É notório a todos os meus amigos que sou um enfastiado. Sim, enfastiado, como pouco, poucas vezes ao dia e sou incrivelmente chato pra comer - exceto tapiocas, essas me levam a falência. Em resumo, sou uma péssima companhia para comer.
Dentre as coisas que sou mais chato em relação a não comer estão as massas, isso inclui comida italiana em geral e o que causa a comoção geral, a minha repulsa por pizzas. É isso aí, repulsa, não suporto pizza, já me arrisquei com elas várias vezes, em vários lugares e com vários gostos, mas dá na mesma, não gosto. Não interessa o quanto isso choque as pessoas, podem ficar escandalizadas que eu não me importo. Pizza é ruim e pronto.
Agora uma outra coisa tem de ficar clara. Sim, eu posso receber um convite pra ir a uma pizzaria, não se preocupem, eu vou e até me divirto. Não precisa ficar naquele dilema " Ah, mas... ele não come pizza... né?". Não, eu não como e não adianta chantagem psicológica, mas isso também não quer dizer que eu não vá a pizzaria com os amigos.
Lembrem-se sou enfastiado, não vou reclamar que não estou comendo, nem muito menos vou fazer cara de criança pobre que está com fome e fica se esfregando no vidro do restaurante. Mesmo porque eu vou estar dentro e garanto que muito mais bem vestido, além de ser uma companhia bem mais interessante.
Enfim, pode chamar que eu vou, só não vale ficar pentelhando com perguntas do tipo "Mas você já provou?".

Carta

Essa é uma carta meio antiga. Ela fazia parte de uma estória de RPG.
"Dear Ava,
My entire life I have been trying to convince myself that I am not real, that I am a fiction, a character from some bizarre story, destined to a miserable life. However, that day at the square, when we met, I wanted life to be real again. I remember each step you took towards me, each move your hair made. That day... I inevitably felt in love with you.
I wished I could be the first thing you see when you wake up, and the last when you fall into sleep. Whitout you there are no stars on Alabama, to be honest, for me there are no stars at all. I ligth up just by thinking of you.
Unfortunately, the truth is that I am not real, and my life is not going to change. I can not drag you to it. I am sorry, but I can no longer see you.
I just wanted you to know that all my songs will be forever yours.
With Love,"

sexta-feira, dezembro 23, 2005

Moça

Ela decidiu que esse natal seria diferente. Sempre foi boa: boa pessoa, boa filha, boa aluna, boa trepada, enfim era boa em tudo; e o natal sempre foi a época mais propícia pra mostrar o quanto uma pessoa pode ser boa: você pode dar comida aos pobres, visitar órfãos vestida de papai noel, montar cestas básicas, existe inúmeras caridades a serem feitas. Porém ela faria diferente.
Cansada da hipocrisia que as festas natalinas trazem, ela decidiu dar para um pobre. Isso mesmo, ela iria encontrar um mendigo daqueles bem xexelentos e iria dar pra ele. Não sempre disseram que ela era boa nisso? Pois então era essa a caridade que ela iria fazer.
Colocou uma saia estampada e uma blusa bonita, mas não vestiu calcinha pra ajudar a coisa a fluir mais rápido, passou perfume, só não colocou brincos, nem relógio, nunca se sabe quem vai encontrar pelo caminho. Mas esse ano, um mendigo sortudo ia ter a trepada da sua vida naquele natal. Pegou uma garrafa de vinho e saiu andando, tomou uns goles, pois por maior que fosse sua convicção ela ainda ia precisar de coragem. Não demorou muito e encontrou seu felizardo:
-Ei, você!
-Ahn?! Ah, oi moça, Feliz Natal!
-Que Feliz Natal o quê rapaz?! Me come! - se agachou próximo ao mendigo, um garoto de uns 20 anos, já com vários dentes faltando e meio sujo, e lançou um olhar fatal.
-Ahn?!?! Moça a senhora tá bem?
-Lógico garoto. Bora, anda logo, me come! - de forma impaciente.
-Ué, mas... por quê?!
-Essa é a minha caridade de natal, vou te da a melhor trepada da sua vida.
-Ô moça, não leva a mal não, mas por que a senhora não tá distribuindo sopa ou dando brinquedo hein?
-Como assim? Você não tá cansado dessa hipocrisia de natal? De todas aqueles pessoas que agem o ano inteiro como se vocês fossem invisíveis e só por causa de um feriado comercial resolvem agir como salvadores do mundo?
-Ué... mas em outra época do ano a senhora iria dar pra mim?
Ela se levantou, estendeu a garrafa de vinho pro mendigo. Andou em um passo mais apressado para chegar em casa, nem tanto por estar com vergonha, era mais porque estava frio e ela sem calcinha.

segunda-feira, dezembro 19, 2005

Oráculo Urbano

Hoje fui abordado com uma pergunta do tipo "você pensa no futuro?". Lógico, como um neurado de plantão, comecei a pensar no futuro - justo agora que eu tinha acabado de ver um clipe onde havia a frase "algumas das pessoas mais interessntes de 22 anos que conheço não fazem a menor idéia do que fazer de sua vida" e havia me identificado tanto com ela.
Foi dançando na frente do computador com minha tão querida e amada filha, Ana Maria, a ovelinha mais blasé que já conheci, que tive meu primeiro vislumbre do futuro. 10 anos no futuro, eu estarei com 32 anos, muito gato de preferência, vivendo no meu tão sonhado cubículo, afinal espaço será um problema. Será Natal, estaremos felizes, eu e Ana Maria, dançando junto com um Papai Noel daqueles que mexem a cintura, tocando "Sapatênis de vinil, bolsinha baguete, luvinha de pelica, você não me esquece, lesbian chic, sapacaixa do agreste...". Enfim, estará tudo bem.
Entretanto percebi que estaria solteiro, feliz, porém solteiro - não sou muito fã do "Antes só do que mal acompanhado", prefiro "Com alguém e em ótima companhia". Então tratei de ter outro vislumbre. Bem parecido com o primeiro, mas incluía uma cama de casal e um cubículo um pouco maior. Ana Maria estaria setada ao lado do Papai Noel que remexe a cintura, no futuro ele será um artigo kitsch de alto valor, ainda mais se tocar Cansei de Ser Sexy em vez de Jingle Bells. E o Natal será na cama. Enfim, estará tudo melhor ainda.
Pensei em algo do tipo MadMax também. Comigo e Ana Maria escalando enormes dunas, ela ainda com seu cachecol, porque não importa o clima ela está sempre bem arrumada e fazendo carão. Entretanto, esbarrei no problema do Sol e da falta de protetor solar, então preferi que a Terra durasse mais algum tempo antes do apocalipse.

quarta-feira, dezembro 14, 2005

Tá Chovendo

Comecei a escrever um texto meio pesado, meio poético. Tinha, chuva e Jack Jhonson na mesma frase. Lógico que apaguei, me acho incrivelmente equivocado quando tento escrever algo "profundo". Primeiro porque é pretensioso demais, até para mim, e depois porque esses textos têm um ibope baixíssimo. Constatei isso quando passeava pelo Solitário Inconsciente Coletivo (não, eu não sou um mutante, esse é o blog da SIC, a gostosa que escreve besteira junto comigo). Todos os textos que não são bem humorados, quase não tem posts.
De inicio pensei em começar um revolução. É isso aí, brigar pelo direito de acordar de mal com o mundo, mesmo porque boa parte do meu "bom-humor" reside no fato de eu viver de mal com o mundo. Explodindo mentalmente pessoas que andam devagar na minha frente ou xingando algum transeunte que teve a má sorte de ser posto no mundo para cruzar o meu caminho.
Por que recusar os textos depressivos e mal humorados se neles também reside ua boa dose de humor? Ou mesmo sem humor, mas com alguma experiência diferente? Como já usei esse blog para fazer declarações antes. Declaro neste momento que todos deveriam ter o direito de acordar com o "pé esquerdo". Assim como reitero minha condição de vagabundo, só pra me vangloriar um pouco mais dela, já que ela vai terminar.
Lutem meus amigos, lutem pelo direito de estar putos porque uma espinha nasceu no dia do seu esperado encontra da internet, porque não tem uma mísera cueca decente quando você tem quase certeza de que vai conseguir se dar bem naquela noite, porque reclamam quando você acorda excitado e não lembra de por uma blusa para esconder.
Enfim, estar de mal-humor as vezes é bom e até produtivo. E se alguém vier reclamar, bata na mesa e diga "Olha, acordei com o pau doido porque ele tava do lado errado e ficou duro, não transei e ainda preciso comprar cuecas. Então, não me pentelha a vida e me deixa trabalhar." e ainda chama um "porra" para dar mais ênfase.

sábado, dezembro 10, 2005

Fiat Lux

- O que você achou?
- O que eu achei do quê?
- Ah, disso tudo!
- Disso tudo o que? Você nem me falou "Bom dia", só perguntou o que achei.
- O mundo, ó lá, acabei de criar. Fala a verdade, tá bonito, não tá?
- Ah, é isso. Não sei, tá tão azul.
- Ah, qual é, tem branco também e areia. Admito que o verde é um pouco destoante.
- É, ficou meio brega mesmo, mas vai ser só isso?
- Como assim só isso? Tem uma porrada de coisas ali sabia, só de bactérias passa da casa dos milhões.
- Bactérias, que diabos é isso?
- AAAh, invenção minha. É muito legal. São seres microscópicos que encerram a maior parte dos segredos da vida, genial né?
- Credo, isso parece meio nojento, elas não são pegajosas não né?
- Elas são microscópicas você não pode sentí-las.
- Ah tá. Não gostei não.
- O queeee? Como você pode dizer isso? Sabe quanto trabalho eu tive pra fazer isso?
- Ai, me poupe. Olha pra isso, parece mais um rascunho, nem tem nada em volta, e se algum dia alguém quiser sair? Vai dar de cara no teto?
- Hum, agora você me pegou. E que tal se eu colocar isso?
- Ahn? Que é isso?
- Vou chamar de Sol, ele brilha e emite calor pro planeta, tudo isso só pela fusão de hidrogênio dentro. Ele ficou bonito, você tem de admitir.
- É...Ele tá bonito...
- Masss? Eu sinto um "mas" aí.
- "Mas" nada ué, tá legal.
- Bora, fala logo.
- Ah, é porque é injusto, olha lá, só um lado tá vendo ele. Qualquer coisa do outro lado teria de andar o lugar inteiro pra poder vê-lo, acho que ia demorara muito e a maioria iria ficar com preguiça e consequentemente frustrado por não vê-lo. Isso poderia gerar problemas sabia?
- Hum...Que tal assim? Ele fica girando, daí cada lado pode vê-lo. Satisfeito agora?
- Ah, não sei não, você acha que vou me adaptar? E seu eu quiser ir pra outro lugar, não tem mais nada.
- AAAHHHH, me dá uns milhares de anos.
Alguns milhares de anos depois
- Pronto e agora?
- Nossa, ficou lindão. E enorme.
- Tá, agora você vai né?
- Ai, não sei...
- Não sabe? por quê? O que tem de errado agora?
- Ah, tá muito grande, me senti intimidado.
- Ah porra.
Rasggg...
-Bem, você se chama Adão e você vai lá pra baixo, entendeu?Ótimo, agora vai - Chute no traseiro
*Assim foi como Blue Boy fez sua parte na Gênese

quarta-feira, dezembro 07, 2005

O Pênis

Mais ou menos cientificamente falando, é um músculo com um bocado de outros tipos de tecido ao redor, que se enche de sangue em determinadas situações. Mas também é a causa da maioria das guerras, sim, pois causa um sério problema de auto-afirmação quando o homem precisa provar que a sua falta de tamanho, nele pode ser suplementada por suas habilidades em outras atividades. Nele está encerrada uma boa parte da autoconfiança masculina.

É também objeto de desejo da maioria das mulheres, mas não de todas tenha certeza, e de muitos homens, mais até do que você imagina. E não adianta tentar se convencer que os parceiros não ligam pro tamanho, porque mesmo quando preferem o pintinho em vez do grandão, o dilema do tamanho está impresso ali.

O curioso sobre ele é que é a única genitália que causa frisson. Acredito que seja pela superexposição que ela tem quando é mostrada, a feminina é mais recatada. Acho que o fato dele ser mais vistoso é que causa o problema, quem nunca teve o seu pênis indevidamente apropriado por outra pessoa? Não se enganem, ele não é destacável e sempre vai pertencer ao atual dono. Com a vagina isso já é mais complicado de fazer, porque em sua maior parte ela é uma cavidade, não dá pra dizer “Olha, isso aqui é meu!”, fica no ar “Isso o quê?”, “Isso aqui ó, a cavidade, não dá pra ver porque é uma cavidade, mas tá aí, seu leso, e é minha, então nem te mete a besta com ela”. Com o pênis você pode pegar, até dar uma balançada afirmando sua posse.

O pênis pode sem dúvida pode ser considerado o órgão mais inspirador do corpo humano, o coração pode até inspirar músicas de amor, mas o pênis fez Dr. Freud inventar uma ciência praticamente baseada nele, seja em relação aos que possuem um e não sabem exatamente o que fazer ou na inveja das que não tem. O pênis também deve ter inspirado a criação de novas potências mundiais, já imagino muitos olhinhos puxados numa reunião secreta falando “Eles dizem que nós temos pintinho, mas seremos a maior potência tecnológica do mundo”.

E essa euforia parece ser um comportamento mais do que natural, já que nossos irmãos macacos adoram exibir sua genitália para uma fêmea, mesmo ela sendo de espécie diferente e o triplo da sua altura, ainda assim você pode vê-los em frenética ação com seu pequeno membro. A importância do pênis foi percebida quando o primeiro macho se deu conta da existência dele. Não tinha como não notar, ele faz amor ficar, ele faz amor acabar, ele tem personalidade, os que nascem tortos, morrem tortos, podem ser pra cima, alto astral, e ficar pra baixo, pra desespero do seu dono e de quem espera uma atitude mais positiva. Ele tem a árdua tarefa de levar Maomé às montanhas, quando promove o encontro das “metades” que formaram esses que vos escreve. Por isso, quem não tem um, compra de mentira pra se divertir, quem não quer mais paga pra tirar, ou seja, não há como ser indiferente ao Pênis.
P.S: Esse foi o segundo texto do S&R Letras, esperamos que gostem desse também, ele também vai ser postado no blog http://www.sic8.blogspot.com/ o blog mais legal do mundo :D

terça-feira, dezembro 06, 2005

Seu Brown

Recentemente vi uma batalha ser travada. Um grande amigo meu, um genuíno intelectual, - quem sabe por falta de algo mais legal pra ser, mas decididamente muito bom em ser intelectual - resolveu iniciar uma pequena guerra via orkut e blog contra enlatados culturais e o endeusamento de expoentes do pop.
O problema disso tudo foi a propaganda negativa em cima de um autor que anda em alta, o Dan Brown. Ouvindo coisas como " Oooooo, ele é 'O' cara", "Ele é um ridículo" e, mais comedidamente, "Ah, eu só não gostaria que ele fosse considerado o melhor autor da atualidade". Decidi que eu deveria descer do muro e formar a minha opnião sobre o cara.
Então eu peguei o livro Anjos e Demônios, aí é que ocorreu o problema. Não que eu ache que o cara escreve mal, longe disso. O problema foi a estória dele, que lança um olhar sério pra questões filosóficas e religiosas. Devo dizer que estou apenas no início do livro, mas é justamente nessa parte que o que descrevi acontece.
Eu simplesmente não consigo levar o cara a sério. Por quê? Por culpa do Douglas Adams, depois que você lê algo que diz que a útima mensagem de Deus para os homens (atenção se vc não quer saber uma parte importante do quarto livro da série do guia do mochileiro das galáxias, sugiro que você pule este parágrafo) é : "Desculpe-nos pelo transtorno". Não dá pra levar a sério o escritório de um físico que é cheio de coisas religiosas e científicas e um retrato do Einstein ladeado por cruxifixos.
Além disso o livro já começou me escandalizando. Falando que simbolicamente o polegar pra cima é um símbolo fálico. Puxa vida, eu sou uma pessoa que usa os polegares pra muita coisa, um sinal de aprovação ou de forma meio sarcática balançando os dois polegares. Agora é impossível pra mim colocar os polegares pra cima sem pensar num pinto murcho apontado pra pessoas, quanto mais ser sarcástico balançando os dois polegares pra quem quer que seja. Tá bem, o livro diz também que é símbolo de virilidade, mas a imagem do pinto murcho é única que me vem a cabeça.
Acredito que ser intelectual deveria ser algo profissionalizável para evitar esses equívocos. Parabenizo a Sue por ser pioeira na área e já ter seu próprio intelectual. Eu ainda pretendo terminar de ler o livro, mas acho que vai fluir pra mim de uma forma bem diferente do que para o resto dos meus amigos.
P.S1: Estou roubando a idéia dos p.s´s da Sue, mas é que eu precisei de dois deles.
P.S2: Se alguém me vir colocando os polegares pra baixo, não pense que estou dando uma negativa, é porque senti necessidade de usar o polegar e assim ele não parece tão caído.

sábado, dezembro 03, 2005

Fazendo as Pazes

Bom, Natal está chegando e ontem minha irmã, uma mulher de 24 anos - preciso frizar isso - me perguntou se eu já havia escrito minha carta ao Papai Noel. Eu nunca havia escrito uma carta a ele. Então decidi escrevê-la, aqui vai uma transcrição.
"Querido Papai Noel,
Sei que já estou meio velho pra escrever-lhe cartas, mas preciso compensar os anos em que não lhe escrevi. Entendo que nosso relacionamento não era dos melhores quando eu era criança, a verdade é que eu não gostava do senhor, por outro lado eu não gostava de quase ninguém quando era criança. Peço desculpas por ter feito carão* e chutado sua canela na Yamada quando eu tinha sete anos, posso lhe garantir que hoje em dia eu contenho meus impulsos agressivos e não chuto mais as pessoas.
Entretanto, devo dizer que guardo alguns ressentimentos em relação a sua pessoa. O primeiro está relacionado as piscinas de bolinhas, não que o senhor tivesse influência sobre a minha mãe, mas eu poderia ter recebido as bolinhas pra colocar na minha piscina de plástico azul. Mesmo não lhe escrevendo, sempre foi notória a sua onisciência sobre as necesidades das crianças, devo lhe dizer que acho esse dado bastante discutível, mas vou deixar isso para nossas futuras correspondências, e na época eu ainda nem havia lhe chutado.
O segundo, e mais importante, está relacionado a armas de brinquedo. Sim, mais uma vez quero deixar claro que não acho que o senhor devesse ter intercedido com a minha mãe, porém apelo mais uma vez a sua onisciência, pois hoje descobri que possuo uma mira relativamente boa. Quem sabe se eu tivesse recebido incentivo quando criança, um mero trinta e oito de chumbinho. Hoje eu serei um jovem franco atirador, trabalhando para a polícia e ajudando a manter a paz em nossas ruas, ou melhor, teria fundado um grupo terrorista e estaria livrando o país de muitos políticos equívocados.
Espero poder reatar laços com o senhor que é reconhecido como uma pessoa bondosa e compreensiva. Talvez até me corresponder com o senhor periodicamente.
Fortes e efusivos abraços,
Leandro Raphael"
*Sim, aos sete anos eu já fazia carão.

terça-feira, novembro 29, 2005

Não Matem Mais o Raphinha

Alguns meses atrás eu iniciei a importantíssima campanha "Matem o Raphinha". A pesar do nome não era nada muito grave, eu não estava a procura de algum serial killer em potencial para findar minha vida. Era apenas uma, muito frustrada devo dizer, tentativa de errradicar a imagem do "carinha tão legal". Não que ela seja ruim, mas não deixa de ser um tanto nociva, porque TODA pessoa que você conhece, acaba vendo só o carinha legal.
O primeiro passo do plano era erradicar o "Raphinha". Esse diminutivo é terrível, porque ele tem uma carga enorme de fofisse (será que existe essa palavra? Vou checar com SIC pra ver se ela entra nos nossos planos de inserir palavras do aurélio) . Fui relativamente bem sucedido nisso, hoje apenas as pessoas que conviveram comigo durante a graduação em biologia me chamam assim.
O resto do plano todo foi por água abaixo. Não tive o menor saco de ir para academia numa tentativa de perder o corpo franzino, nem engordei comendo, porque toda a frescura que não existe no resto da minha psique, foi transferida para os meu hábitos alimentares. Ainda sim, tenho certeza que dentro de mim reside um gordinho feliz e pançudo, quem sabe eu desenvolvo múltiplas personalidades e libero o coitado. Além disso, não dava pra mudar o humor, porque emsmo ácido e ranzinza todo mundo me achava um "carinha legal", se eu me torna-se meigo e atencioso, só restaria me taxarem de boiola, e sendo meigo e atencioso, até eu me taxaria de boiola.
Entretanto, o fator principal para a desarticulação da campanha "Matem o Raphinha", foi passar muito tempo longe das amigas da biologia e não ser mais chamado de "Raphinha", que eu descobri tem uma carga de carinho, que sempre foi maior do que qualquer outra coisa que o diminutivo trouxesse. Além do mais, descobri que não adianta, eu faço o tipo fofinho mesmo, um dia desses, indo pra aula, eu estava tirando remela dos olhos e um grupo de garotas de segundo grau gritou da rua "Ó meu Deus, ele tá com soninho". Mas ainda sim faço carão se vier com frescura pro meu lado.

sexta-feira, novembro 25, 2005

O Bem Contra o Mal

Recentemente descobri que em cada mochila minha há pelo menos dois livros, geralmente não terminei nenhum deles. Sim eu tenho várias mochilas, mas não tantas quanto os pares de sapatos. Não, eu não tenho desejo de troncos extras para poder usá-las ao mesmo tempo, isso só acontece com os pés. Nessa quarta coloquei mais um na azul e me mandei pra aula.
Estava despreocupado quanto aos socializáveis, ônibus vazio. Sentei estrategicamente numa poltrona que ficava cercada de várias outras vazias, protegido de qualquer contato com os socializáveis.
Puxei "Obrigado Pelos Peixes" e despreocupadamente continuei a lê-lo. Essa demasiada despreocupação fez com que minha guarda baixasse. Quando me dei conta, um deles veio na direção da minha poltrona. Tentei me manter positivo "Não, ele não vai sentar do meu lado". Mas a sua aproximação era iminente "Não. Não. Não. Ah, droga."
Entretanto, não me dei por vencido, na verdade encarei aquilo como uma afronta. Fixei meu olhar no livro, mas deixei a visão periférica em alerta para qualquer tentativa mais avançada de socialização. Na menor menção que fosse de socialização, eu daria aquele olhar distraído de quem está perdido na leitura.
Então foi aí que sofri a segunda afronta, ainda mais grave do que a primeira. O socializável, um mero pirralho de uns 16 anos, puxou um livro e não um livro qualquer, ele puxou um daqueles livrinhos pequenos que tem uma parte da Bílblia. Como quem está dizendo "Veja, eu também sei ler, e o meu livro é mais legal que o seu.".
A partir daí a coisa ficou pessoal. Eu precisava desbancar o pirralho. Percebi aqueles olhares de curiosidade pra ver a capa do meu livro. Levantei-o um pouco, só o suficiente para que o incauto socilizante pudesse ler o título e pensar "Que título intrigante!". Mas ele me desafiou uma terceira vez, abriu o livrinho de salmos com sua capinha cinza sem graça e começou a lê-lo.
Fiquei impassível, esperando o momento certo para partir para ofensiva, alguém com a idade dele não deveria ter muito estômago pra ler os salmos num ônibus sacolejante. Dito e feito, abriu e fechou o livro umas três vezes e batia o pé direito no chão do ônibus. Foi aí que dei o golpe final, risadas mais um menos altas, mas ainda tímidas, como de alguém que lê algo hilário e não consegue segurar o riso, coloquei o livro mais próximo do rosto como se não quisesse perder nenhuma letrinha cômica daquele capítulo, que nem era tão engraçado assim.
Ele fechou o livrinho de salmos e não o abriu mais. Eu continuei, triunfante, lendo meu exemplar de ficção científica da boa. Levantei quando chegou a minha parada e ainda pude dar um olhar de desprezo para o inimigo. Nem guardei o livro de volta na mochila, fui levando-o na mão para que todos vissem a arma da vitória.

terça-feira, novembro 22, 2005

Muitas, Muitas Coisas

Nesses últimos dias aconteceram muitas coisas de total irrelevância para maioria das pessoas que lêem isso aqui, mas muito importantes pra mim. Conheci pelo menos uma pessoa nova, soube um dado estranho sobre mim mesmo e uma coisa do futuro de uma grande amizade minha. Tudo isso em menos de uma semana, eu normalmente precisaria de alguns meses de solitária reflexão para isso (sim, pessoas aparecem do nada nos meus momentos de solitária reflexão).
Fui achado no limbo do orkut pelo Edmir, ele se tornou um novo integrante do grupo de RPG, com quem eu tenho conversas diárias pelo msn, que estranhamente sempre acabam envolvendo algum assunto mórbido. Cheguei a divagar sobre o quanto isso é estranho, mas como é muito divertido decidi divagar sobre o próximo texto que pretendo escrever para o S&R Letras junto com SIC.
Segundo o Tarô Zen, que apesar de ser zen é bem grosseiro, eu estava me tornando "O" cara, mas acabei ficando com ciúmes de mim me mesmo e me isolei do mundo para não ter de me dividir com mais ninguém. Mas o mais interessante que ele disse, foi que para entrar em reflexão não preciso ficar longe de nada, é só parar e refletir. Tá, ele é grosseiro, mas sou forçado a admitir sua sabedoria. Droga.
Por último e mais importante, descobri que estou astrologicamente fadado a ter uma séria briga com a Sue, isso mesmo, com ela, minha grande amiga, a mulher do blog mais legal do mundo. Então comecei a criar inúmeras situações hipotéticas e fiquei com duas, vício de ex-futuro cientista. Primeira situação seria: a briga só aconteceria depois de estarmos bem velhinhos e morreríamos logo depois de tanto estresse e faríamos as pazes no pós-vida. Segunda situação: Teríamos a briga logo e faríamos as pazes daqui alguns anos. Essa segunda me parece mais atraente, porque eu poderia aproveitar as muitas viagens que ela vai fazer para o doutorado e brigar um pouco antes dela viajar, assim ninguém sentiria saudades de ninguém e teríamos um reencontro depois que ela voltasse, com direito a slow motion e tudo mais. Em nenhuma das situações hipotéticas que criei havia a possibilidade de não fazermos as pazes.
Estou sem postar faz alguns dias, porque tenho feito muitas coisas no dia e só posto quando estou em situação de completo ócio intelectual. Quando dedico a manhã inteira para decidir o que vou escrever, e a tarde e a noite para me recuperar do desgaste.

sexta-feira, novembro 18, 2005

De onde saiu esse virão muitos mais

Tudo parecia muito natural naquela cidade, que não se sabe até hoje por que não está inclusa no mapa, mas aqueles 658 habitantes estavam de uma forma ou de outra inclusos no mundo e no trajeto daquele ônibus. Bem, do ônibus falaremos depois, por enquanto pra que o causo seja bem entendido é preciso explicar o que na verdade o que era a cidade de São José do Passo Curto, na verdade que o nome de batismo da cidade era Passo Firme, mas o Passo Curto foi incluído por que só com ele chegava-se pelo menos em dois minutos de um canto a outro da cidade.
Como toda cidade do interior do interior do Brasil, tinha um campo de futebol, uma igreja católica vazia, uma evangélica lotada, uma mercearia onde o dono era o ser de maior posse monetária do local, um posto de saúde vazio, uma fofoqueira, uma solteirona, uma professora bonitinha cantada por todos os marmanjos solteiros da cidade, muita criança, muito cachorro, muita galinha. Na verdade essa foi sempre uma dúvida, de onde vem os cachorros e as galinhas que habitam o interior? Se fossem inclusos no senso populacional triplicariam o número de habitantes.
Tudo parecia normal naquele domingo, todos os homens da cidade já haviam se reunido na frente do boteco, estrategicamente de frente pro campo, estrategicamente de frente pras igrejas, assim todos poderiam vigiar todos, a mulher vigia o marido, o marido vigia a criança e o dono da mercearia olha todo mundo e a fofoqueira não só olha como comenta. Mas aí a novidade veio dar, não na praia como cantou Gil em alguma canção, mas na praça, estrategicamente ao lado do campo, e das igrejas.
Um ônibus colorido por fora e por dentro, flores por todos os lados, nas cortinas das ultimas janelas, que forma mais extravagante de se ter privacidade? Além de tudo isso, “vou de táxi” no ultimo volume com a perfeita interpretação de Angélica no tempo em que era virgem e dizia que só dava depois de casar, bem antes de se envolver com o Mattar. A coisa florida, colorida e barulhenta fez interromper a partida de futebol, um alívio pros “Do lado esquerdo” que estavam perdendo de 5X2 pros “Do lado direito”, o padre nem chegou a colocar a hóstia na boca da beata que já estava de olhos fechados e boca aberta, o pastor calou e correu pra ver o que havia sido aquela intervenção no “vocês sabem como é que se vai pro inferno?” e lá de fora vem em alto e bom som a resposta esganiçada “vou de táxi, cê sabe...”.
Os habitantes foram para o centro da praça e de lá do ônibus colorido saem moças feias, mas maquiadas, na verdade muito maquiadas, na verdade muito, muito, muito maquiadas, sombras verdes, purpurina, batom vermelho sangue, rodas rosadas na bochecha, cabelos presos, perucas, maiôs coloridos, meias arrastão, sapatilhas douradas, confetes feitos de jornal, a música e um homem de cartola chega mostrando sua mercadoria, “As entregadoras de diversão” eram assim chamadas aquelas mulheres cheias de celulite, peitos caídos e algumas sem dentes. Segundo ele eram capazes de fazer qualquer um sorrir, da criança ao velho todos seriam contemplados com a diversão que elas haveriam de dispor. No começo as mulheres da cidade ficaram de nariz torcido, mas nada que os números de contorcionismo e malabarismo ao som de Wando e o seu “Você é luz e raio estrela e luar...”, pudesse resolver. Uma coisa a fofoqueira percebeu, um circo sem palhaço? Sem animal? Um cachorro se quer pra pular entre um aro, nada, só mulheres, elas faziam meia dúzias de apresentações e pronto, esse era o circo e essa era a diversão que o apresentador prometia? Muito estranho.
Quando deram oito horas da noite e apenas os homens encontravam-se no boteco, comentando do acontecimento daquela tarde que se tornaria o acontecimento do ano. Chega o apresentador, já sem a sua cartola, com uma blusa estampada, calça branca de vinco e um sapato branco bico fino, e disse: “Bem meus amigos, vocês não acharam que a diversão a que me tratei naquele momento, era apenas aquilo? Acharam? Pois se acharam vão se surpreender ao acharem a verdadeira diversão que eu trouxe para esta localidade” vira para um baixinho, careca bigodudo e pergunta “Que localidade é essa mesmo?” e ele baixinho assim como sua altura responde “São José do Passo Curto” e ele continua “Pois bem, homens moradores do São José do Passo Curto, entrem no ônibus para ver o que é diversão”.
O ônibus era iluminado por lâmpadas incandescentes. A luz amarelada sempre faz tudo parecer mais bonito do que realmente é, e nesse caso isso fazia uma diferença absurda, mesmo porque as sombras conseguiam esconder uma boa parte dos dentes faltosos, e as vilosidades das celulites. Magicamente, aquilo parecia o céu, que podia ser conseguindo bem mais barato do que com os constantes dízimos para o pastor.
As mesmas mulheres cheias de celulite, sem dentes, marcadas pelo tempo, maquiadas, muito, muito, muito, maquiadas estavam lá, só que dessa vez vestiam lingerie no lugar de maiôs coloridos e se exibiam ao som de “Meu sangue ferve por você” do Sidney Magal.
O homem de camisa estampada começou a andar com o ônibus, os homens começaram a consumir álcool, inclusive o dono da mercearia, muito disputado e como tinha mais dinheiro ficou com a única que possuía 32 dentes. O pastor poderia ser encontrado bem ao fundo do ônibus, escondido por um ramalhete enorme de margaridas lilás de plásticos, para que ninguém o visse, porque o sortudo, não ficou com a mulher com a arcada dentária mais completa, mas conseguiu a mais nova. Ela lembrava vagamente suas alunas, das aulas sobre a bíblia, as quais ele fervorosamente tinha a vontade de colocar as mãos por entre as pernas.
Outro homem realizado dentro do ônibus, era o jovem sacristão, cujo único contato com sexo havia sido durante as aulas de catecismo, onde gentilmente o padre havia lhe mostrado como ele deveria agir no dia de sua primeira noite com sua futura esposa. Este, que não se sabe se foi por inocência ou malícia, deixou escapar sua condição de moço virgem e foi prontamente atendido por duas das mais voluptuosas participantes daquele circo dos prazeres. Elas lhe exigiram que ficasse deitado enquanto elas lhes mostravam todas as partes do corpo feminino, todas as suas curvas e como ele poderia usar sua masculinidade para satisfazer sua futura esposa. Assim, ele teria mais uma vez experiências didáticas sobre sexo, tudo isso para o bem de sua futura e sexualmente satisfeita esposa.
E tudo isso podia ser conseguido com alguns míseros reais que suas esposas nem ao menos sentiriam falta. O condutor levou o ônibus para uma parte da caatinga, onde ele estacionou. Aqueles que se sentiam confortáveis o suficiente para levar a festa pra fora do ônibus, o fizeram. Algumas caixas de som foram colocadas para fora, para que todos aproveitassem o rei do romantismo, Amado Batista, embalar os amantes. O sacristão, que encarava tudo como uma experiência didática, aceitou o convite de suas professoras, para experimentar os prazeres do sexo sobre uma belíssima lua cheia.
O dono da mercearia e o prefeito da cidade quiseram relembrar seus tempos de jovens, quando agarravam suas assanhadas namoradinhas, e atuais esposas, na caatinga logo após a missa. O vinho era de má qualidade, mas fazia efeito rápido e era abundante. Todos já estavam embriagados e suados. A caatinga começava a exalar o cheiro de sexo e até os animais próximos seguiam os exemplo dos moradores. Os sons dos animais já se confundiam com os gemidos de prazer e as risadas satisfeitas, daquelas santas mulheres, que vieram ao resgate de São José do Passo Curto, que estava condenada a morrer de desgosto de si mesma.
Na cidade, a situação era outra. Algumas das mulheres já estranhavam o atraso dos seus respectivos maridos, as que não os tinham também percebiam o atraso do marido das que tinham, algumas outras sentiam falta dos maridos das primeiras, pois estes deveriam ter ido vê-las. Houve uma comoção geral, quando algumas delas resolveram ir ao bar local e encontraram-no aberto e vazio, nem mesmo o dono e o único garçom estavam lá.
O que teria acontecido aos homens? Uma delas percebeu a falta do ônibus das mesalinas, e por isso sentiu-se muito mais inteligente do que as outras, logo decidiu lidera-las. As mulheres da cidade, em fúria, armaram-se para ir resgatar seus maridos, das garras daquelas mulheres satânicas. Quebraram cadeiras do bar para usar suas pernas, fizeram tochas, algumas pegaram ancinhos. Tudo para poder restaurar a paz em sua cidade e em seus lares.
Na caatinga, os homens eram levados sempre a gastar um pouco mais em bebidas, cada gole fazia com que tudo fosse mais mágico e ainda mais prazeroso. O sacristão deu um verdadeiro urro, quando conseguiu chegar ao êxtase pela primeira vez. O pastor, que havia ficado no ônibus, explorava agora os glúteos da sua “jovem” parceira, o ramalhete de flores de plástico a muito havia caído e nada cobria seu rosto, mas ele já nem pensava mais nisso, precisava desesperadamente acabar com todas as suas fantasias ali, para que pudesse voltar a cidade e continuar levando sua vida e suas aulas. O prefeito trocava beijos ardentes com a sua “parceira”, beijava com vontade. O dinheiro da maioria dos homens já havia terminado, mas isso já nem fazia mais diferença. Por que não há dinheiro que pague uma noite inesquecível...
Texto produzido pela S&R Letras
P.S: Fomos eu e a Sue que escrevemos XD, eu sempre brincava dizendo que ela tem o "blog mais legal do mundo" e é claro quado ela me chamou pra fazer o texto, todas as minhas neuroses sobre "eu não sei fazer nada que preste afloraram" mesmo porque sou um grande fã do que ela escreve, mas no final das contas parece que tudo ficou bem :D

quarta-feira, novembro 16, 2005

Obrigado Gregos

Estava me culpando terrivelmente por não fazer nada na minha vida e ficar em casa, isolado do resto da humanidade, ouvindo música e lendo meus livros. Acabei de superar isso, ficar em casa ouvindo boa música e lendo bons livros é ótimo, estou contente com meu ócio intelectual, na verdade até me deprimo de pensar que ele pode chegar a um fim.
Se não fosse pelo ócio intelectual, jamais teria tempo de escutar a letra doentia de "Minha Namorada" na voz da Bethânia ou imaginar que em algum planeta possam haver mulheres com três seios que se vendem muito caro, como tem no "Guia do Mochileiro das Galaxias". A verdade é que o meu tempo todo está muito bem preenchido, estou até encaixando mais um tempinho do dia para voltar a desenhar.
Isso acabou se tornando uma das atividades do ócio, pensar em todas as coisas que posso fazer durante o dia, claro que toda essa programação pode ser feita na cama. Dá até para pensar em umas extravagâncias do tipo "Não, amanhã só vou acordar às onze, pular o alongamento e ir direto ao computador". Mesmo com muita preguiça de ir pra academia, tem tempo de sobra até para ela.
Ter tempo é algo maravilhoso, dá para fazer inveja a todos aqueles que ficam se queixando orgulhosos de que passaram o dia inteiro trabalhando e por isso não têm tempo para os filhos ou amigos ou até namorados. Esses são na verdade uns indecisos, porque ficam reclamando o tempo inteiro que trabalham demais, mas quando têm tempo livre ficam reclamando do quanto é estranho não ter que ir trabalhar.
Declaro-me nesse post como um vagabundo assumido e orgulhoso de sua condição. Ser vagabundo não é vergonhoso, já até assumi minha vagabundice para minha família, eles nem tentam mais me falar de empregos disponíveis, de concursos que podem ser feitos ou do número de empresas que poderiam usar alguém poliglota e inteligente, afinal se eu não fosse vagabundo jamais teria tempo para ser poliglota. Lembrem-se, sejam vagabundos e orgulhem-se disso, não há nada de errado com essa condição.

segunda-feira, novembro 14, 2005

Nola´s Bounce

Ela precisava de cd´s novos, quem sabe uma saia também. Por mais que deteste futilidade, admite que comprar é terapêutico. Aprendeu isso com a irmã, é sempre bom fazer compras com ela. Uma ligação breve e está tudo acertado: almoço, compras, depois o jantar, com todas as calorias que ela tem direito e mais vinho do que realmente precisava. Acabou dormindo na casa da irmã, por sorte tinha a sua pasta e e o corpo parecido com o da irmã.
Ele está semidesperto, esperando a música começar e nada. Talvez ela apenas esteja cansada e resolveu dormir mais uns cinco minutos. É, é isso, daqui a cinco minutos ela vai levantar, colocar o cd e ele terá mais um "Bom dia!" maravilhoso, como todos os outros. Passa os cinco minutos deitado brincando com os polegares , mãos sobre o peito. Nada de música.
Ela sentiu falta de seu cd, não importa se ela tem cinco novos, de manhã tem de ser aquele. Mas o dia anterior foi maravilhoso, nada poderia estragar o hoje. Nada a não ser uma pane geral no sistema, um cliente especiamente mal educado e uma cafeteira quebrada. Ela volta pra casa com vontade de explodir uma ilha, seria só uma ilha bem pequena e sem graça, ninguém iria sentir falta dela. Ora, se os franceses podiam explodir bombas atômicas no Atol de Biquini, que é uma maravilha da natureza, por quê ela não poderia explodir uma ilhazinha pequena e sem graça. Pelo menos ela podia matar a vontade de escutar seu cd favorito.
Como assim, ela não dormiu em casa? Faz meses que ela não sai de casa, nem aos sábados, que dirá durante a semana. Ela não conheceu ninguém, ele teria percebido. Fora ele, ela não deveria ter conhecido ninguém. Como pôde, depois de tudo que ele passou?Mas a culpa não era dela, ele havia esperado demais. É lógico que ela iria conhecer alguém, ela não é linda só aos olhos dele, mais alguém notou isso e agora ele a perdeu. Não, não poderia perdê-la, não assim, isso é cruel, ela não deveria ficar com outro, colocar sua música favorita pra outro, ser de verdade para outro e quase imaginária pra ele. Precisava tomar uma atitude.
No dia seguinta as coisas pareciam ter voltado ao normal. Não, elas não poderiam mais voltar ao normal. Ele acordou mais cedo, fez a barba para não aparentar ser mais velho que ela, se arrumou para ir trabalhar, mesmo alguns anos ele escrevsse em casa eandasse tudo por e-mail. Correu para o elevador:
- Bom Dia!
- Bom dia. Ela respondeu com um sorriso.
- No outro dia eu nem perguntei seu nome, seqüela minha - Pensando "Isso idiota, agora ela vai pensar que você é um drogado ou um velho gagá que teve derrame".
- É Joana.
- Ah, Alberto!
- Joana...ha..é que...eu não queria parecer assustador perguntado isso do nada, mas você gostaria de jantar comigo... um dia...qualquer um.

sexta-feira, novembro 11, 2005

Bordel às 11

A quinta feira começou péssima. Acordei cedo demais, irritado demais e desocupado demais. Tenho de pedir desculpas por ter sentido vontade de explodir o mundo, isso não me parece muito gentil. O resto do dia foi bem surreal.
Às 6 da manhã assisti um filme sobre um "Straight Camp" onde os pais mandavam seus filhos, para que eles passasem por um programa de 5 passos para se tornarem heterosexuais, todas as meninas eram obrigadas a se vestir como bonecas, com longos vestidos completamente cor-de-rosa - quase pink na verdade - os meninos vestiam-se como playmobils, com uniformes azuis. Assisti a mais bela cena de sexo entre duas garotas e essa nem é uma das minhas fantasias eróticas. Quando procurei o nome do filme na programação, ele simplesmente não contava na grade.
Às 7 desconfiei que o orkut planeja me matar. Ele fica me mostrando a mensagem " Você não terá mais que se preocupar em obter renda". Eu e Sue chegamos a conclusão de que ele é coisa do demônio e pretende roubar minha alma. Pobre orkut.
Às 4 da tarde me submeti a um peeling com ácido retinóico, que demorou quase duas horas pra terminar. Deixe que alguém fizesse uma máscara de ácido em meu rosto, o orkut deve estar conseguindo me deixar louco. Droga.
Fiquei até às 11 da noite na casa do Antonio, curtindo a companhia dele, Sue, Rafa e Gabriela. Entretanto, eu tinha de tentar salvar meu rosto às 6 da manhã, então fui pra casa. Aí aconteceu a coisa mais surreal do dia. Peguei um ônibus, que por sorte estava na parada assim que cheguei, paguei a passagem e me sentei. Foi aí que parei pra observar a estranha cortina com estampas tropicais na cadeira da cobradora, assim como o excesso de maquiagem que ela usava.
Depois percebi que o ônibus não usava lâmpadas fluorescentes, ou pelo menos eu achava que não. Ele tinha uma meia luz, que percebi vir das lâmpadas fluorescentes comuns, mas sua proteção era pintada alternadamente de verde e vermelho, com flores desenhadas nelas. Pensei "Que loucura, isso aqui parece mais um bordel", foi aí que o som foi ligado e começou a tocar "Vou de taxi", um dos clássicos do trash. Então me esparramei na cadeira e esperei chegar o meu ponto. Depois do bonde/bordel/trash nada mais poderia acontecer.

Where Are You Mr. Blue Sky?

Ela acorda às sete todos os dias, coloca a trilha de "Eternal Sunshine...", contando em músicas o tempo que leva para aprontar-se para o trabalho, nunca gostou de relógios. Músicas, essas sim sempre foram a melhor forma de ver o tempo passar. Quando chega a faixa sete ela já está desligando o player e fechando a porta.
Quando a música começa, ele está semi-desperto, fica deitado até o fatídico momento em que ela acabar com a música. Jamais foi acordado de um jeito tão bom como nos últimos meses. No início, tentou se fazer de mal-humorado, era um absurdo ser acordado antes da hora, mas nem quando estava casado e havia a possibilidade de acordar com um belo café da manhã em uma bandeja de vime, nem assim ele se sentiria tão bem disposto.
Ela sempre esquece de enxugar os cabelos. Esta no cantodo elevador, a cabeça encostada na parede, as duas mãos na pastinha preta, que destoa terrivelmente do seu uniforme. Apoia um dos pés no calcanhar e fica balançando-o enquanto assovia.
Hoje ele tem de vê-la, corre para escovar os dentes e dar um bom dia razoável e esquece de se calçar. Passa correndo pelo corredor, quase sem ter tempo de fechar a porta de casa, e aperta o botão do elevador. Quase imediatamente a porta se abre. Ela está ali, só pode ser ela. Olhando para baixo, ela é ruiva, isso era inesperado, os cabelos estão molhados, isso sempre dá um certo frescor a aparência, ela é bonita, isso era quase uma certeza. Agora era o momento:
-Bom dia! - Com um largo sorriso
-Bom dia! - ela levantou o rosto com um sorriso singelo, quase como a Mona Lisa, isso nem sempre é um bom sinal.
Ela voltou a olhar para baixo, mas estava olhando na direção dele. Esse era o momento dele usar o truque dos olhares que se encontram, se não fossem os seus pés descalços a primeira coisa que ele viu ao baixar o olhar.
O elevador chega ao térreo, ela sai primeiro com um sorriso apertado nos lábios. Ele fica no elevador, nem tenta fingir que iria fazer algo no térreo, ainda que a desculpa de pegar o jornal do dia estivesse pronta. No trabalho, ela se diverte sozinha, lembrando do desajeitado de pijamas, por que os homens bobos sempre lhe pareceram engraçadinho e não simplesmente bobos?
Dois dias depois, é hora de uma segunda tentativa. Seu orgulho já voltou quase todo e o embaraço do outro dia já passou. Hoje ele acordou mais cedo, se aprontou como se supostamente fosse ao trabalho em vez de fazer tudo em casa e passar por e-mail. Estava tudo cronometrado e asism que a sétima música tocou, ele se dirigiu a porta. Ela tinha se atrasado, saiu de casa ainda com uma torrada na boca enquanto colocava seus brincos.
Ele apertou o botão do elevador, logo que chegou ele se preparou. Quando disse "Bom dia!" fingiu tropeçar no entre a porta e o elevador. Deixou cair o dvd "Eternal Sunshine of The Spotless Mind", não são só as mulheres que podem usar o truque de deixar cair coisas. Ela juntou-o e entregou a ele:
-Você assistiu esse filme? - Ela perguntou reprovando-se pela pergunta quase retórica.
-Vi sim, eu... adoro esse filme - disse com um sorriso um pouco nervoso, se amaldiçoando por estar nervoso, mesmo tendo planejado tudo tão bem.
- Eu amo esse filme. - Ela baixou os olhos sem jeito, mesmo sem saber por quê estava tímida.
- É...eu sei. - Sorriu.

quinta-feira, novembro 10, 2005

Plantinha

Hoje, não consigo escrever nada sem me achar incrivelmente pretensioso, nos outros dias também me acho pretensioso, só não tenho problema nenhum com isso. Mas estando acordado desde as cinco da manhã, sem nem ter idéia do porquê, comecei a me achar um merda, só isso.
Hoje, eu acordei com fluxos de adrenalina pelo corpo, eles dão a sensação de que o coração está sendo comprimido e em mim isso causa uma angústia terrível. Não gosto de aventura. Quando isso acontece, sinto vontade de fumar uma carteira de cigarros e beber uma garrafa de uísque, ainda que eu nunca tenha experimentado os dois, escutar Placebo e Portishead. Acho que pelo menos deveria beber
Hoje, eu decidi que devo passar o dia inteiro burro, pra ver se isso passa. Nada de retórica, nada de ironia, nenhum comentário elaborado, nenhuma piada bem colocada. Não que qualquer uma dessas coisas sejam indicativos de inteligência, mas a maioria dos 5,999,999,999 acha que sim. Me excluí do número de seres humanos, porque recentemente descobri ser uma forma de vida extraterrestre, também estou desconsiderando os da minha espécie, que se danem eles.
Hoje, eu vou vegetar até pelo menos às 2 da tarde, porque às 3 eu tenho médico e até lá eu vou estar cansado dos outros vegetais. Além disso clorofila deve ser algo desagradável e preciso ter certeza de que vou comer algo que foi morto de verdade, assim não preciso pensar em matar mais nada o dia inteiro.
Hoje, eu vou tentar não explodir o mundo até a hora do almoço, porque depois disso eu vou estar ocupado.

terça-feira, novembro 08, 2005

É, Eu Já Sabia

A resposta para uma série de dúvias que eu tinha sobre a minha pessoa, é bem simples, porém aterradora, eu não nasci neste planeta. Já desconfiava disos faz alguns anos, mas tive certeza disso a ler "A Mesa Voadora", em um de seus contos Luis Fernando Veríssimo descreve ua entidade alienígena que ele denomina "o enfastiado". Essa entidade come pouco e não gosta de muitas coisas. Essa foi a prova cabal.
Desde sempre conhecido, na verdade rotulado, por meus estranhos hábitos alimentares como anormal. Percebi que encaixava-me perfeitamente como um enfastiado. Além do famoso hábito de comer feito passarinho, não consigo ingerir massas, como pizza ou lasanha, ou coisas consideradas deliciosas, como açaí, maniçoba e outras comidas típicas - excluo dessas o pato no tucupi, porque ele é um caso a parte, não o como porque considero que um animal que não nada nem anda direito, não deve ser uma boa refeição.
Quando criança costumava afirmar ter vindo de um outro planeta. Afirmação utilizada até hoje pela minha progenitora terráquea para me deixar embaraçado na frente de meus amigos terráqueos. Entretanto, agora ela não consegue mais me enganar, não importa o quanto ela diga que eu era um criança chata logo após o parto (Sim, desde o parto...), nem que mostre aquelas ultrasonografias - alguém acredita nelas? Ela não conseguirá mais esconder minha verdadeira origem de mim.
Além disso, outros indícios, como: minha estranha obsessão por sapatos e a crença de que preciso de pelo menos um par extra de pés para usá-los; minha inabilidade para lidar com terráqueos desconhecidos - estou a três meses utilizando a mesma ficha na academia, porque troquei de horário e o máximo de vocalização com os outros professores é "oi"; e os meus fortes de impulsos de devastação global. São fatos que confirmam minha origem extra-terrena.
Só tem algumas pequenas implicações nisso: Por que me deixaram aqui? Como é que eu faço pra voltar? De onde eu vim? Quem sou eu? Por que metade das minhas perguntas é igual as de todo mundo?

segunda-feira, novembro 07, 2005

Doutrina da Não Limpeza

Não, isso não tem nada a ver com higiene pessoal, mesmo porque a prezo bastante - em mim e nos outros - e esse blog não vai falar de coisas nojentas, pelo menos não por enquanto. Ela se refere a objetos inanimados e outras coisas que não conseguem se limpar sozinhas, como animais de estimação ou bebês. Consiste basicamente em não limpá-las e deixar ou convencer outra pessoa a fazê-lo.
Ela foi criada porque em um acesso de compulsão por limpeza, decidi que as teclas do teclado estavam sejas demais. Peguei um algodãozinho, enxarquei de álcool e comecei o esfrega-esfrega, lógico que a partir daí as coisas tinham de se tornar pastelão. Primeiro porque de alguma forma eu consegui desligar o computador pelo teclado, assim descobri que existe uma tecla que o desliga. Embora ainda não saiba qual é, pelo menos agora sei da sua existência. Encarei isso como uma forma de me concentrar mais na limpeza, mesmo que seja muito, muito chato mesmo fazê-la sem música.
Lógico que a concentração extra me fez perceber que o pobre teclado estava incrivelmente cheio de poeira por dentro. Então decidi que iria exercer uma das funções básicas do homem, montar de desmontar coisas, que junto com mijar de pé e doar esperma fazem um importante tripé na nossa sociedade. Pobre, pobre teclado.
Para isso precisava de outro apetrecho, um símbolo da masculinidade, uma caixa de ferramentas com algumas chaves de fenda. Na falta de uma peguei o estojinho de couro da minha irmã onde ela guarda as chaves de fenda dela, mesmo sentindo vergonha por ela as ter e eu não. Repetindo metalmente os ensinamentos de Ana Maria Braga "Parfuzar é no sentido horário e desparafuzar é no sentido anti-horário. Menina, assim você vai montar sua própria estante de madeira!". Peguei, de forma bem viril, uma chave de fenda estrela, olhei-a com a convicção de estar fazendo algo importante, só para me dar conta de que ela não tinha o tamanho certo "Puta que o pariu, isso não tá dando certo!".
Depois de finalmente pegar a chave certa e retirar todos os parafusos, era só retirar a parte de cima e limpar certo? Errado, porque o teclado também tem uma parte de encaixar. Aí começou, puxa de um lado, puxa do outro "Merda, eu vou acabar quebrando esse negócio". Dito e feito, além de lascar o polegar esquerdo, quebrei um dos encaixes, mas finalmente consegui separar as partes do teclado.
Infelizmente, nesse ponto, milhões de pequenos negocinhos verdes de borracha, os quais eu ainda desconhecia, já tinham saído de seus respectivos lugares. Descobri uma pequena família de aranhas vivendo ali; despejei-as sem o menor sentimento ecológico, depois de certo tempo ser ecologicamente correto é um saco.
Todos os milhões de negocinhos de volta aos seu lugares, tudo limpinho, é só colocar as partes juntas e fechar o teclado para todo o sempre. Exceto claro, se você encontrar uma teiazinha de aranha que displicentemente você deixou escapar e depois de tudo que havia passado para limpar a droga do teclado, não poderia deixar ali, poderia? Então, com todo cuidado peguei um pedaço de algodão, tirei a teia e gentilmente fui levantado a mão. Entretanto, algumas fibras de algodão prenderam em alguns dos milhões de negócios verdes de borracha e os lançaram pra baixo da mesa do computador. Maldito algodão, malditas fibras.
Então, eu, o pretenso macho, tive de ficar de quatro em baixo da mesa do computador atrás de 4 pequenos negócios verdes de borracha - patético. Só para levantar, bater a cabeça e espalhar muitos outros pela mesa. Nesse momento recorri a todos os rituais conhecidos pela sociedade moderna para manter a calma em situações estressantes, respirei fundo, contei até dez, pensei até em contar carneirinhos, mas o pêlo deles é parecido demais com algodão para que eu não sentisse vontade de trucidá-los. Curiosamente, a última alternativa foi a de melhor resultado, a cada pequena coisa verde de borracha que voltava ao seu devido lugar, um pobre carneirinho sofria uma morte terrível e inexorável.
Ignorando qualquer outra coisa que me impedisse de finalmente fechar minha caixa de pandora tecnológica, encaixei o teclado, posicionei os parafusos, entoei o mantra "Parafuzar - Sentido horário, Parafuzar - Sentido horário...". Tudo isso só para me dar conta do sumiço da chave de fenda estrela. Depois de vasculhar o lixeiro (sim, quem nunca jogou algo que não deveria no lixeiro, que atire a primeira pedra) e ralhar com a minha pobre mesa que tem a compulsão de engolir coisas, peguei uma outra chave qualquer e parafusei tudo.
Então era só entrar na internet e fazer um drama sobre tudo que havia me acontecido na última hora. Exceto pelo fato de que o teclado não estava funcionando, nem as poucas luzinhas que ele tem funcionavam, nem mesmo o ctrl+alt+del, a arma final contra todos os problemas da informática atual, funcionava. Desparafuzei tudo de novo, chequei todos os pequenos negócios verdes de borracha, todas as outras coisas, e nada, absolutamente nada parecia fora de lugar.
Fiz o que sempre faço quando um problema parece não ter solução, fui fazer outra coisa completamente diferente e ignorar o problema por algumas horas. Quando voltei, descobri a chave de fenda estrela do tamanho certo para os parafusos do teclado em cima da mesa do computador, completamente dentro do meu campo visual e, muito provavelmente, ignorada pela minha pessoa antes.
Passei de novo pelo processo de abrir o teclado e ver que ele não funcionava, comode costume me deu vontade de bater minha cabeça contra alguma coisa, mas dessa vez fiz diferente. Dessa vez eu levei o teclado até a minha testa e depois de uns dois golpes, me ocorreu que o fio dele não deveria ser tão longo. Aparentemente, de tanto ser puxado de um lado para o outro o fio havia sido desplugado do computador. Então eu, o macho derrotado, coloquei de volta o plugue e desliguei o pc, não tinha forças pra fazer nada informatiquesco. Pobre, pobre macho.
Declarei nesse momento que qualquer coisa na minha vida que não tenha a capacidade de se limpar sozinha ficará suja e se alguém vier com o falso moralismo "Ai, teu computador tá tão sujo" receberá a resposta "Então limpa, porra".
Depois do incidente duas teclas foram perdidas e o "a" começou a desaparecer.

sexta-feira, novembro 04, 2005

Extra, Extra !!!

Resolução importantíssima, eu preciso aprender a coznhar. Não que eu esteja cansado de pão com queijo gelado, mas é que antes era só a sensação de gelado e ultimamente tem incluído gelo de verdade, muito por sinal. Isso não deve estar certo.
Cheguei a conclusão de que não me transformei em uma toupeira, porque mesmo vivendo debaixo da terra, elas são até bastante ativas e eu tenho dormido demais. Na verdade, virei um urso-marrom com complexo de inferioridade, isso explicaria porque o buraco debaixo da minha cama é tão desconfortável e porque eu sou tão espaçoso. Além disso, meu período de anti-socialidade pode ser caracterizado como um longo período de pseudo-hibernação, bastante comum aos ursos.
Descobri que o meu ego deve ter pelo menos alguns quilômetros de largura. E é por isso que só consigo escrever sobre mim, nada de canalizar criatividade para algo que seja realmente importante - para os outros lógico, porque pra mim é muito importante falar de mim.
Finalmente, decidi que não sobreviverei a pandemia do amor. Primeiro, porque se tornar vegan é um passo muito importante e está em cima da hora pra decidir isso. Segundo, porque pra me tornar um hare teria de me tornar vegan, o que seriam dois passos importantes sem ter tempo pra tomar nenhum dos dois. Além disso, os hare só podem fazer sexo depois do casamento e eu vou precisar fazer todo o sexo que puder antes da pandemia me pegar.
Ah, o dia não foi um " Bad Hair Day", não sei se foi porque a Sue disse que seria um "Sue Good Day", mas consegui fazer uma boa parte das coisas que disse que faria ontem e nem li os contos do Dostoiévski.

quinta-feira, novembro 03, 2005

Bad Hair Day II

Ontem eu não fiz metade das coisas que pretendia fazer. Na verdade eu só comprie meu livro e fui a academia, o que acabou não sendo uma experiência tão boa assim. O dia inteiro acabou não sendo um experiência tão boa assim.
Primeiro eu perdi para o espelho, mesmo juntando todas as minhas forças esse malévolo objeto achou um jeito de me derrotar - mostrou uma espinha. Pelo menos eu consegui fingir que o almoço era café da manhã. Coloquei tudo que precisava na mochila e fui comprar meu livro. Em uma patética tentaviva de não pensar que estava num dia ruim, decidi ir escutando música, gosto de pensar que a vida tem trilha sonora e gosto também do Paulinho Moska, o problema é que esqueci do "Revolucionário Sistema Anti-Choque que Proteje o Seu Cd!" do meu discman, ele consiste basicamente em pausar a música a cada mínimo baque - odeio publicitários.
Andando de forma peculiar, para evitar baques, e de cabeça baixa, para evitar os olhares que o modo peculiar de andar pode atrair. Acabei parando em uma sombra, esperando o sinal ficar vermelho para poder atravessar na faixa, é bom não arriscar nesses dias. A sombra na verdade era feita por uma senhora negra, muito bonita, que com seu salto devia ficar com mais de um metro e oitenta de altura, e seu marido, tão alto quanto ela, mas nem de longe bonito, e eu estava estranhamente parado logo atrás dos dois, que devem ter achado a cena tão estranha quanto eu, felizmente o sinal ficou vermelho logo (ridículo né? Mas aconteceu).
Na academia, como já era de se esperar, aquele profesor estranho, que sempre surge do nada, coloca a mão no meu ombro e faz uma pergunta meio idiota, apareceu do nada, colocou a mão no meu ombro e falou "Malhando, hein?!". Aparentemente ele é inofensivo, mas ontem eu tive vontade de lançar ondas psiquícas negativas e dizer "Tira... a mão... de mim!!!", porém optei pela consagrada expressão Mona Lisa. Depois, mais um dos sociáveis tentou socializar comigo "Caraca mano, tô morto", num tom forçosamente heterossexual que não lhe parecia próprio. Em vez de mais ondas psíquicas e uma frase do tipo "Morto por quê? Tá tendo um ataque cardíaco? Tá se afogando?", optei pela Mona Lisa de novo. Maldita Síndrome do Engolidor de Sapos.
O orkut resolveu ter atitudes mais estranhas que o normal, como se já não fosse estranho o suficiente ele ter uma atitude. Ele resolveu que eu tenho uma mensagem não lida, antes ele dizia que eu tinha menos duas e eu já tinha me acostumado com isso, mesmo sem ter mensagem alguma. Além disso, ele tentou me convencer de que não devo aceitar o depoimento da Sue, porque toda vez que clicava "aceitar", ele voltava a janela para o estado que estava antes e o vermelho do "recusar" sempre estava mais evidente que o verde do "aceitar". A cada três capítulos do "A vida, o universo e tudo mais" eu voltava pro pc e clicava em "aceitar", acabei lendo metade do livro. Não consigo deixar de achar que há algo de maligno no orkut.
Sei que hoje ainda não é amanhã e que escrevi esse texto como se fosse, mas decidi que amanhã será um "bad hair day" e que vou ficar em casa, terminando de ler um livro de contos do Dostoiévski, sempre ajuda ver alguém em situação pior do que a sua e o cara, além de ter sido preso na Rússia czrista, está morto.
Ah, eu comprei mais frutas de marzipan pra ver se muitas coisas deliciosas e insignificantes juntas, poderiam ser significantes. A resposta é não, mas ainda sim estavam muito boas.

Bad Hair Day

"Bad hair day" é aquele dia que você acorda e percebe que tem uma pequena nuvem negra em cima da sua cabeça. Você acha que mais do que nunca a Lei de Murphy deve estar te pentelhando. Você acorda já ao meio dia e perde o café, que é a refeição mais divertida do dia. Tem certeza que o resto do dia vai ser um inferno e fica ainda mais puto da vida com isso.
Então, decidi dizer " foda-se", porque eu não quero um dia ruim; vou dizer pro espelho que estou lindo por mais que ele tente me provar o contrário; vou dizer pro meu almoço que ele é café da manhã, então ele vai se tornar a refeição mais divertida do dia; vou me masturbar, porque gozar sempre dá uma aliviada na tensão; e vou supreender a todos os que me acham pessimista, e quem sabe deixar alguns deles alegres com isso.
Pretendo comprar "A Vida, o universo e tudo mais" (O terceiro livro da série do guia do mochileiro das galáxias), descobrir o segredo da vida e ficar muito rico com isso, ou pelo menos ter uma tarde divertida divagando nas afirmações malucas do Douglas Adams. Comer as minhas duas últimas frutinhas de marzipan, que são deliciosas e insignificantes. Mandar uma mensagem pro Gustavo dizendo que ele não deve se preocupar com o terceiro livro e sim com o quarto, porque esse só Deus sabe quando vai chegar. Vou até a academia, que anda bastante negligenciada nesses últimos tempos. Agora só falta sair do computador e fazer tudo isso...

terça-feira, novembro 01, 2005

Pandemia do Amor

Conversar coma Sue é sempre algo inspirador. Sempre conseguimos chegar a um denominador comum que é no mínimo inusitado. O assunto da nossa última conversa - e uma de nossas pautas mais frequentes pra ser honesto - foi "relacionamentos". Com nossas vidas amorosas meio estagnadas e um certo tempo ocioso, começamos a filosofar no assunto.
A primeira constatação foi de que parece que atualmente nenhum relacionamento, por mais perfeito que pareça, dá certo. Alem disso, muita gente está triste o tempo todo pelo fato de não conseguir alguém. Isso gera um paradoxo, porque nunca teve tantos seres humanos no planeta, somos mais de seis bilhões e uma grande parte não consegue manter um mísero relacionamento estável que seja.
Mas aí é que está o problema, seres humanos demais. É dificílimo escolher com tanta opção. Como é que eu vou encontrar minha alma gêmea tendo dois graus de astigmatismo e e alguns bilhões de seres humanos pra procurar? Os momentos mais favoráveis pra nascerem relacionamentos estáveis são: os grandes desastres, holocaustos ou pandemias. Além de provocarem momentos dramáticos levando a sitações românticas, eles diminuem drasticamente o número de seres humanos. Na época da peste negra você jamais teria a preocupação de se apaixonar por outra mulher ou outro homem, porque você dificilmente encontraria algum outro.
Por isso resolvemos eleger a gripe do frango como o grande cupido da pós-modernidade - cansamos daquele gordinho cabeludo, que é irritantemente zarolho. Ela trará a paz mundial, porque só deixará no mundo os vegans e os hare krishna, e o amor deixará de ser um problema.

domingo, outubro 30, 2005

Melinda e Melinda

Os domingos são sagrados para o RPG (o poquêr dos nerds). Como é de praxe, a Ana me mandou uma mensagem pra saber se os outros jogadores iriam comparecer, e ela sempre vem fracionada em 3 ou 4 partes e em uma delas, ela citava estar "ligeiramente grávida". Eu já tinha notado que o corpo dela estava diferente, mas ela sempre diz que está "gorda, gorda, gorda", como é que eu ia saber que não era de comida? Ela já é mãe de uma menina de 6 anos e ter outro filho, pelo menos pra mim, parece ser um problema.
Comecei a pensar um monte de coisas absurdas. Minha imaginação fez questão criar uma situação castastrófica, que piorava a cada segundo que eu pensava no assunto. Para mim, que não sabia os detalhes e fui completando as lacunas da pior forma possível, o pai da criança não sabia, a Ana devia estar desesperada por estar esperando mais uma criança, pude até me ver discutindo com ela mais uma vez sobre a sua posição anti-aborto. Enfim, o próprio caos estava para se instalar na vida de uma pessoa querida.
Quando ela chegou em casa estava sorridente e eu pensando as piores coisas. Falamos um pouco sobre o assunto, o cara já sabia, ele por sinal estava com ela quando o teste deu positivo, os amigos dela de universidade já sabiam, uma parte dos jogadores do nosos grupo já sabiam. E isso tudo eu fiquei sabendo num papinho de uns 5 minutos, até o resto das pessoas chegarem fiquei ouvindo sobre as coisas que aconteciam com pessoas que mal vejo, perdido em uma conversa sobre atitudes absurdas e ainda meio chocado com a naturalidade das coisas.
Ao chegarem os outros jogadores, dei minha última cartada pra continuar a minha tempestade em copo d´água alheio. Falei que havia sido o último a saber do que estava acontecendo, só pra ficar sabendo que 2 outras pessoas do nosso grupo ainda não sabiam. Uma delas deu um abraço na Ana e ficamos todos ouvindo sobre os planos, o pai parece ser uma pessoa boa e sobre um possivel casamento. Então me restou jogar o pessimismo de lado, porque as vezes as coisas simplesmente dão certo.

quinta-feira, outubro 27, 2005

Comunicólogos Artrópodes do Espaço Sideral

Depois de minha empreitada para fazer uma análise etológica do réptil ruminante, um ser fascinante e endêmico do Centro de Letras e Artes da UFPa. Eu, o Sr. Biológo, decidi voltar meus esforços para outra espécie endêmica do CLA-UFPa, tão curioso quanto o réptil ruminante, o Comunicólogo do Espaço Sideral.
Pertencente ao reino Animalia - filo Invertebrata - classe Artropoda, o C.E.S (Comunicólogo do Espaço Sideral) constitui mais um grande desafio em minha carreira, pois mesmo trabalhei com aves durante minha carreira acadêmica, mesmo assim tentarei fazer uma acurada descrição filogenética desta espécie.
Infelizmente devo avisar que esta é uma provável espécie senescente. Isso se deve a uma falha genética, que torna os espécimes do C.E.S quase incapazes de se comunicar via sinalização bioquímica ou vocalização, dificultando a vida em comunidade desses artrópodes sociais. No CLA consegui identificar pelo menos duas sub-espécies do C.E.S, o Comunicologo jornalisticus e o Comunicologo publicitarus. Em outras instituições podem ser encontradas outras sub-espécies do C.E.S, porém as diferenças morfo-fisiológicas indicam que a pressão de seleção e a separação geográfica está levando ao processo de especiação.
Ainda que quase incomunicáveis entre si, os espécimes dos C.E.S apresentam um forte comportamento social. Sendo encontrados muito facilmente em grupos de 3 ou mesmo de 20, se alimentando - fato facilmente observável na área do CB-UFPa - ou socializando - comumente em uma área da municipalidade.
Este é um trabalho contínuo de pesquisa e garanto que logo trarei novas descobertas sobre estas fabulosas criaturas vindas do espaço.
Glossário:
Etologia: estudo do comportamento animal.
Endêmico: espécie restrita a determinado habitat.
Senescente: espécie de "morte programada", no caso em questão a espécie está com um número cada vez mais reduzido de espécimes, o que pode levar a extinção.
Filogenética: estudo das relações de parentesco inter-espécies, para determinar seu processo evolutivo.
Pressão de Seleção: alterações que ocorrem no habitat ou outro fator determinante para a vida da espécie, levando a seleção de alguma característica.
Especiação: processo de formação de novas espécies

quarta-feira, outubro 26, 2005

Blogando

Eu estava completamente sem assunto. Esperava que algo bem legal ou siginificante acontecesse, para iniciar mais uma narrativa sobre os acontecimentos novos em minha vida. Esqueci que minha vida anda parada e que coisas significantes não têm acontecido com muita frequência. Entretanto decidi que deveria escrever mesmo assim.
Assim descobri o que tanto me fascina nos filmes com dramas existenciais. Neles sempre há uma situação específica ou uma nova pessoa que faz a vida daquele ser inócuo, inerte e sem graça dar uma guinada. Essa mudança não precisa ser grande, nem pra melhor, é só aquele desvio em um ponto exato que faz as coisas correrem de forma diferente.
É aquele exato instante que faz você pegar a direita em vez da esquerda. E no filme isso é tão bom, porque sempre vai ser a decisão mais acertada a tomar. Sempre tem aquele insight divino, que momentâneamente mostra como vai ser o futuro, e por mais que você esqueça logo depois, seus instintos te levam a escolher a direita. Então tudo acaba bem.
Ainda esperando pela massa crítica...

domingo, outubro 23, 2005

Socialização

Disseram-me que quando eu entrasse na comunicação eu precisaria me tornar uma pessoa sociável. Com toda a delicadeza, que já é notória a minha pessoa, perguntei " POR QUÊ?!". Depois de muito relutar, fui convencido de que um futuro comunicólogo realmente precisa ser sociável. Aí surgiu "O" grande problema, por que eu não sou sociável, nunca fui sociável.
Quando criança fui mandado pra um espaço de convivência, por não gostar das outras crianças. Deu certo, não que eu tenha passado a gostar delas, mas comecei a ter alguns amiguinhos da mesma idade e conforme fui envelhecendo, e as pessoas da minha idade também, pude começar a gostar delas, pois não precisava mais socializar com crianças.
Por que a obrigação de socializar?Hoje na fila da votação por exemplo, o senhor que estava atrás de mim insistia em me falar coisas desinteressantes, como o tempo que as pessoas levavam votando - que por sinal ele cronometrou e duravam exatos um minuto e trinta e cinco segundos - e como elas demorariam menos tempo - aproximadamente trinta segundos- votando se o mesário adotasse outro sistema para pegar os dados da pessoa. Nesse momento, entraram em choque a minha pouca capacidade de socialização, meu "dever" de ser sociável e a minha educação. Me vi forçado a responder educadamente, ainda que de forma curta, aos comentários completamente desinteressantes que ele fazia, ou dar leves sorrisos do tipo " Mona Lisa", mas no fundo eu queria mesmo era dizer "Por favor, não me dirija a palavra, porque eu não quero falar com você.".
Posso citar pelo menos mais dois ou três casos como esse, que parecem se repetir comigo em uma frequência bem menor do que eu gostaria. Mas o importante é que até agora ninguém me explicou por quê eu preciso ser sociável. Ainda assim resolvi tentar essa tal de sociabilidade. Tomara que dê certo.

sexta-feira, outubro 21, 2005


Rapha Posted by Picasa

Little Horror Shop

Numa quase falida floricultura, tudo muda quando o jovem empregado trás uma planta exótica e a coloca na vitrine. Os clientes reaparecem, dinheiro volta a entrar no caixa e as pessoas começam a notar o pobre órfão. Além disso, Audrey II - nome dado a planta em homenagem a mocinha do filme - começa a comer os antagonistas do Seymour, primeiro o namorado sádico da garota por quem ele é apaixonado, depois o dono da floricultura que quer tirar proveito da descoberta do rapaz.
Infelizmente a planta vinda do espaço torna-se a antagonista do filme, mas veja só que plantinha legal ela era. Mudou toda a vida do cara; pois quando ela entra em sua vida ele se torna famoso e possivelmente rico; comeu seus inimigos; e quase comeu a mocinha do filme também, o que iria poupar o Seymour de ficar com aquele pato antropomórfico. Devo acrescentar também que ela era a melhor cantora do filme (Ah sim, esqueci de dizer que é um musical).
No filme a pobre plantinha é explodida em milhões de pedaços. Eu não só manteria a plantinha comigo, como faria questão de deixá-la muito bem alimentada.

quinta-feira, outubro 20, 2005

Doenças

As físicas são inúmeras, mas considero minhas síndromes psicológicas mais lúdicas e muito mais interessantes, se é que elas o possam ser. Então, vou falar sobre elas.
"A Síndrome do Pau-Mandado" faz parte de um terrível bloqueio de criação, parece que somente pode-se criar algo, caso esteja sobre pressão. Se não houver algo como um trabalho, de preferência com um apertado prazo de entrega, nada vem a mente. Se ninguém disser "Faça uma animação com giro duplo, estilo schwartzer, em três linguagens para internet, RGB multicolor XP 2005" isso jamais virá a cabeça espontâneamente. Esta síndrome causa uma desconfortável sensação de inabilidade e falta de criatividade.
"A Síndrome do Engolidor de Sapos" desvio de socialização no qual há um bloqueio para respostas rápidas à comentários inconvenientes. Normalmente seguida de pensamentos como: "Ai, por que eu não falei issso, isso e mais aquilo?", "Por que não mandei ele #$@@%$!?". No final sempre haverá a idéia de que pode preparar-se para a próxima vez que o fato ocorrer e a resposta estará na ponta da língua. Entretanto, está síndrome causa uma forte sensação de frustração, pois ao ocorrer um fato semelhante,a situação inicial se repete.
Por fim, "A Síndrome da Virgem Bem Sucedida" que, apesar do nome, pode ser a mais danosa. Trata-se de um disturbio de ação rápida, decorrente de um êxito em algo ou área nova, levando a paranóia de que todas as ações seguintes relacionadas ao ocorido deverão, pelo menos, se igualar a primeira tentativa. Muitas vezes levando a desistência ou abandono total da atividade.
Hum...mais alguém sofre disso?

quarta-feira, outubro 19, 2005

Minha vida de Sitcom

Bem...acredito que esse post vai ser meio caótico. O título é de uma série de textos escritos para um amigo que tinham esse mesmo título, tudo por causa de uma outra amiga que estava rindo da minha cara e falou "Você parece um personagem saído daqueles sitcoms". Isso faz uns dois anos já e na semana passada, quando conversava sobre "paixão" com uma nova amiga - fiz vários nos últimos tempos - ela me disse "Nossa você é muito Wood Allen". Estou encarando isso como um progresso...
Comecei o blog por dois motivos: primeiro, por indicação de uma professora; e, segundo, porque estava lendo o blog da Sue e gostei muito, você consegue imaginá-la dizendo tudo aquilo que está escrito ali. Será que isso aqui lembra a minha pessoa?
Continuando minha série de explicações, " não torra" é a mensagem que o meu educadíssimo celular mostra quando é ligado. Sim, quem colocou a mensagem fui eu e o adoro do jeitinho que ele é.
Eu já deveria estar dormindo, amanhã acordo às 7 para participar do maxi midia. Uma das palestras do evento me fez querer escrever meu t.c.c. sobre gênero, mas deixei a idéia passar, ainda é cedo.
Colori um mangá no photoshop, assisti os capítulos que faltavam do Tsubasa - e tive a feliz descoberta de que haverá uma segunda temporada- pensei em uma pessoa que andei magoando e ainda não consegui dormir.
Essa é a segunda vez que tento criar um blog, não fui bem sucedido na primeira e nem tenho mais o texto. Uma das minhas travas em relação ao blog é sempre achar que não vou ter assunto, mas talvez isso mude .