terça-feira, abril 18, 2006

Nem Tão Formiga Assim

O dia estava péssimo. Aulas horríveis. Céu horroroso. Um ônibus que levou séculos para chegar. Ainda sim, tinha planos para a tarde, bem simples até. Dormir boa parte da tarde, vegetar é algo muito bom de fazer quando o dia não vale a pena. Acho que é por isso que durmo tanto.
Infelizmente uma série de momentos humanos inesperados acabaram com meus planos. O primeiro deles veio assim que estavam chegando na rua de casa. Uma batida de carro. Um ônibus entrou na traseira de um carro de passeio, nada espetacular, nem vítimas fatais teve, mas mesmo assim começou a reunir pessoas em volta. Primeira coisa que eu pensei "Lá vão os pobres bisbilhotar a desgraça alheia". Ia passar direto, mas uma cara conhecida acenou pra mim, por educação fui lá ver o que estava acontecendo. Não é que a desgraça alheia era da minha irmã? Então veio o primeiro momento não formiga, comovido com a situação da pobre, consegui colocar a mão no ombro dela "Já ligou pro Detran?".
Daí seguiram os outros momentos. Fiquei sozinho, reparando o carro pra que não levassem nada, vários traseuntes paravam, olhavam o carro e faziam peguntas do tipo "Quem bateu?" e eu muito simpaticamente, na verdade só o mais simpático que eu conseguia ser, apontava para o ônibus. Parecia que eu tava com um bebe bonito em um carrinho, poruqe todo mundo que parava, perguntava "É seu?" o "não" era simultâneo a um interiorizado "sim, acabei de parir ele, mas veio com defeito de fábrica". O cúmulo de tudo foi uma vizinha me perguntar isso, meu primeiro instinto foi "É, é meu sim. Eu só pego ônibus contigo três vezes por semana pra economizar gasolina, porque eu só ando com meio tanque", mas consegui juntar todas as minhas forças num sorriso "Não, não é não".
Pra tonar as coisas ainda mais clichê se formou um temporal e eu tive de me abrigar embaixo de uma árvore. Nota pra Deus: Será que as coisasruins não poderiam acontecer uma de cada vez?