sábado, setembro 30, 2006

Odeio Ele

Vai embora. Já disse vai embora. Seu desgraçado. É isso mesmo. Não quero te ver nunca mais. Não, eu não te perdôo. Ninguém precisa te perdoar, muito menos eu. Pega tuas coisas e vai embora. Você não é um homem. Não pra mim. Não mais. Você é um nada. Tá me ouvindo? Um nada. Nem a música. Nem as flores. Ou o cigarro com café. Nada. Não guardo nada. Eu te odeio. E odeio a Clarice Lispector. A Mansfield. Nem do Caio eu gosto. Menti. Odiei cada linha de todos eles. Um bando de inúteis. Não me acrescetaram nada. Só me deixaram ainda pior. Virei bicho. Tô dando as costas pra tudo e principalmente pra você. Mas o apartamento é meu. Então quem saí é você. Eu fico pra fechar a porta e passar a chave. Pra chorar sozinha no quarto com a minha garrafa de vodka. Tava lá o tempo todo, nunca joguei fora. Quem mandou acreditar em mim? Que você ainda tá fazendo aqui? Vai embora , já falei. Não. Eu te odeio. Que parte da frase você ainda não entendeu? Você deveria estar feliz. Tô te dando mais uma razão pra ser triste e profundo. Eu sei que você adora se fazer de vítima. Vai lá, te junta aos teus amigos. Todos tristes e profundos e patéticos. Tão patéticos quanto você. Não, não vou voltar atrás dessa vez. Até nunca mais.

quarta-feira, setembro 27, 2006

Ô Dia

Hoje é um daqueles dias que se alguém fala um pouco mais alto comigo eu choro. O Sol me dói nos olhos mais do que de costume. O mundo todo me dói. Meu emprego, que é o purgatório, se torna pelo menos o primeiro círculo do inferno. O castigo é continuar eternamente olhando pra parede branca. Até me compadeci de uma senhora no ônibus hoje, parecia que ela ia chorar a qualquer momento ou vai ver que estava com sono. Fico exagerado em dias assim. Tem uma lágrima presa no canto do meu olho. Presa. Nesses últimos dias percebi o monstro em mim. É muito difícil lidar com o monstro dentro de você mesmo. Só espero que ninguém me pergunte se está tudo bem, odeio dizer "sim" e ter vontade de falar 10 milhões de "nãos"

sábado, setembro 23, 2006

Sonho (Um Daqueles Estranhos)

Uma daquelas noites que você deita, fecha os olhos mas não dorme, parece que dá pra sentir o mundo rodando, os membros se retorcem. Sensações estranhas. Nada de sono. Olhos fechados. O mundo parou de rodar. Abro os olhos. Estou na beira da piscina. A água começa a subir, transborda, já passa dos meus joelhos. Meu cabelo tá grande de novo, tá flutuando. Por que eu tô me vendo de longe? Eu não devia estar respirando, meus óculos não saem do rosto. Voltei pro meu corpo. Tem um porco no fundo da piscina, porque o porco tá preso numa coleira? Por que tem um porco na piscina? Ele tem até vasilha. Tá com o focinho todo sujo de comida, odeio porco. Tem um gato também, siamês. Ele é cinza claro, olhos azuis. Que bom, ele não é vesgo. Ele vira a cabeça um pouco pro lado e me encara. O maldito do porco também tá me olhando. Que eles fazem no fundo da piscina? Um verme acabou de passar nadando. Um daqueles que o macho é menor e fica dentro da fêmea. Não sabia que esses vermes podiam nadar. Merda, tem um vermezinho no meu braço. Desgraçado entrou na minha pele. Dá pra sentir ele se mexendo na carne, afundando, sumindo no sangue. Acorda logo.

quinta-feira, setembro 14, 2006

Super Ego Descontrol

Já te disse, você é péssima pra consolar os outros. Tô azeda sim, mal amada, mal comida. Porque tá tudo errado, não tem nada certo. Não adianta inteligência, não adianta bom gosto nada. Tenho 133 de QI, 7 pontos a menos do que a Madonna, sabe o que isso significa? Muitos milhões de dólares a menos, sem falar em dois filhos e um marido lindo e 10 anos mais novo do que eu. Nem ao menos um marido feio. Nem como uma mulher do século XIX eu sou realizada. Que auto-estima? Esqueceu que eu tenho 27 anos, estou desempregada, solteira e ainda moro com meus pais. De que auto-estima você tá falando? Eu não tenho 27? Não interessa, 4 anos não são nada. Ontem eu cheguei no fundo do poço, fiquei jogada na cama, assistindo "A Pequena Sereia" e dividindo o pão com queijo com meu sobrinho. Chorei tanto no final. Eu não vivo, eu tenho consciência da vida, mas eu não vivo. Não é isso, não é ele. Tá, não é só ele. É ser uma garota legal, mas nunca ser a garota certa. Sabe qual foi o meu último orgasmo verdadeiro? Foi há exatamente um mês, quando eu comprei o scarpin. Foi, eu juro. Fiquei tão feliz, mas tão feliz que eu gozei. Tive até que me apoiar num poste, senão eu gritava. Um senhor até veio me acudir, achando que eu tava passando mal "Não senhor, tô ótima, foi só uma tontura, obrigada". Não me fala do Vicente. Ah, o amor da vida dele é? Pois eu vou falar porquê. Peguei ele vestindo uma calcinha minha, uma das mais caras ainda por cima. Senti tanto ódio, primeiro porque eu adorava aquela calcinha e segundo porque ficou perfeita nele. Arranquei a calcinha como ele jamais conseguiu fazer comigo, bati tanto naquele desgraçado. Ele não fez nada, apanhou calado. Peguei a escova de cabelos e enfiei nele. Isso, lá mesmo. Não faz essa cara, eu tava com raiva. Não me admira que ele ainda diga que me ama. Pode rir a vontade da cara dele toda vez que encontrar com aquele traste.Vou pra academia. Essa é a minha vingança contra todos esse idiotas que não me quiseram. Ficar cada vez mais gostosa.
Sabe, acho que anda me sobrando solidão demais. "Té" mais tarde.
P.S: O texto é piegas, mas o blog é meu =P

sexta-feira, setembro 01, 2006

O Homem Bom

Aquele que está perto de você, ouve todos os seus problemas. Aquele com quem você pode contar pra qualquer coisa, principalmente aquelas que ninguém tem saco de fazer com você, só porque é pra você.
Aquele que lhe dá todos os seus sonhos, mesmo que você não precise deles. Aquele que você pode magoar, porque sabe que ele vai te perdoar. Aquele que você tem medo de magoar, porque jamais desejaria perdê-lo.
Eu sou o homem bom. Aquele que te ama com um coração desprotegido. Aquele que você não consegue amar.