segunda-feira, abril 30, 2007

Finais Felizes

Sim, me faltam finais felizes. Vocês queriam o quê? Eu tenho 24 anos, desempregado, solteiro e atualmente escrevendo com uma goteira quase na minha cabeça, ela fica um pouco mais para a esquerda e cai no móvel onde fica o meu pc, que não pode ser movido porque só cabe nesse espaço, geralmente molhando a lente dos meu óculos. Não tenho motivos suficientemente fortes para me fazer pensar em finais felizes, já que os de fora podem ter o seus, os que eu invento não têm então. Talvez eu faça mesmo parte dos pseudo-pobres-deprimidos, mas isso é totalmente involuntário. "Meu problemas e meus finais são meus. PONTO", também nem tem ninguém pra eu dizer isso, acho que no final das contas devem estar faltando muitos finais felizes por aí.

O Circo - Fim (mais um fora da geladeira)

Iniciado nesse post http://cosmo1265.blogspot.com/2006/07/o-circo.html e finalmente terminado
***
- Portanto preciso pedir que vocês dêem a volta, paguem seus ingressos e entrem pela porta.
Embora fossem crianças que não se assustassem com facilidade e não temessem sapos, Haroldo e Clarissa sentiram-se intimidados por um sapo daquele tamanho, com uma capacidade de vocalização excepcional se comparada ao "coach" normal dos outros sapos com quem tinham se confrontado até o presente momento. Mesmo intimidado Haroldo conseguiu pensar em uma resposta bastante lógica:
- Mas Sr. Sapo, nós estamos dentro, então não somos mais da sua responsabilidade.
O lábio do sapo ficou um pouco vincado no canto e seus olhos brilharam, como se uma brilhante idéia tivesse acabado de lhe ocorrer:
- Ora, mas vocês estão certíssimos, como vocês já estão dentro, eu não cometi nenhuma violação no meu contrato. Pois bem crianças, sentem-se onde bem entenderem - dessa vez com um sorriso largo e fazendo um movimento em arco com o braço como lhes oferencendo todas as cadeiras do picadeiro, o sapo lhes deixou passar.
Algumas pessoas já entravam e se acomodvam nas cadeiras, os irmãos se apressaram para conseguir bons lugares. O espetáculo começaria assim que todos os lugares estivessem ocupados, um casal de namorados que havia comprado seus ingressos mais cedo voltou desanimados para casa, pois quando o bilheteiro viu que os lugares estavam todos ocupados teve de lhes pedir desculpas e devolver-lhes o dinheiro.
Com todos acomodados as luzes foram desligadas, ouviu-se o som de fortes tambores rufando por todo o circo e uma voz muito grave se destacando de todos os outro barulhos se fez ouvir:
- RESPEITÁVEL PÚBLICO - alguns holofotes foram ligadas, iluminando o picadeiro, ocupado por um homem alto, de cavanhaque, que carregava um chicote e usava as roupas vermelhas e cartola de domador - VAI COMEÇAR O VERDADEIRO GRANDE ESPETÁCULO DA TERRA, O CIRCO MÁGICO
Os tambores em uníssono fizeram um único e grave som e as luzes foram religadas, nesse momento o picadeiro foi invadindo por cachorros malabaristas, a jaula do grande leão estava iluminada também e ele rugiu assutando algumas crianças, um pequeno fusca que buzinava uma música fora do tom zigue-zagueou pelos animais e quando parou, um número improvável de palhaços saiu de dentro. Somente uma parte do picadeiro não estava iluminada, deixando uma silhueta feminina pouco diferenciada nas sombras.
Haroldo e Clarissa observavam tudo com muito entusiasmo, até que um dos palhaços passou próximos aos irmãos e a menina notou que havia algo de errado. Mesmo sorrindo e fazendo palhaçadas, ele não conseguia disfarçar que seus olhos, negros e pequenos como contas não tinham brilho algum, mesmo com as belas estrelas desenhadas ao redor de cada um de seus olhos para disfarçar, Clarissa notou que eram contas e não olhos de verdade. Imediatamente ela chamou a atenção do irmão para o que acabara de perceber "Veja, o palhaços ele é de brinquedo", mas o palhaço já se afastara dos dois:
- Deixa de ser boba e pára de inventar besteiras.
Entretanto, nesse exato momento um dos cachorros acrobatas acabara de terminar um mortal bem na direção de suas cadeiras e o menino percebeu a mesma expressão triste e pior que a pelúcia do pequeno poodle estava muito mal remendada:
- Oh meu Deus, você tem razão.
Os tambores voltaram a rufar e as luzes se concentraram na jaula do grande leão. O domador entrou puxando um grande círculo preso a uma base com rodinhas consigo. Anunciando o próximo grande número:
- Senhoras e senhores, agora, o nosso bravo leão fará o perigoso número de atravessar o círculo de fogo - o domador se afastou e estalando o chicote contra o círculo, este se incendiou.
Os irmãos espremeram bastante os olhos para dar uma boa olhada no leão e isso lhes deixou aterrorizados, pois perceberam que o pobre leão era feito de um belo origami, mas que já tinha sua juba cheia de pequenas pontinha pretas, chamuscadas pelo tanto de vezes que fora obrigado a pular o terrível círculo de fogo. Clarrisa não se conteve, levantou-se da cadeira e gritou:
- Não, parem com isso, é crueldade.
Muitas pessoas em volta riram do que acreditavam ser a reação de uma garotinha com nervos a flor da pele, só uma senhora próxima colocou a mão no seu ombro e lhe deu um sorriso "Não se preocupe minha filha, o domador é um profissional, jamais deixaria algo de ruim acontecer ao leão". Haroldo abraçou a irmã, que com lágrimas nos olhos, escondeu o rosto no peito do irmão:
- Por que eles não conseguem ver?
O chicote estalou mais uma vez e o leão pulou, chegando ao chão deu um forte rugido, outro estalo o fez voltar ao seu lugar, mais uma pontinha de sua juba havia sido chamuscada ao passar pelo círculo.
O show continuou, um belo arlequim fez muitos malabarismos arriscados tirando o fôlego da platéia, os palhaços voltaram para novas piadas, até que os tambores voltaram a avisar o outro ponto alto da noite. As luzes se voltaram para iluminar o canto do palco onde a silhueta feminina se encontrava, mostrando uma jovem bailarina, toda de porcelana como unicamente Haroldo e Clarissa puderam observar, ela passara a noite inteira com os pés unidos na pontas assim como os braços. Uma bela música começou a tocar e ela a dançar, deixando todos na platéia boquiabertos. Os irmãos perceberam que ela estava presa por fios bem finos que estavam erguidos pelo teto. Quando a música terminou, as luzes na direção da bailarina se pagaram e ela ficou parada, na mesma posição em que a dança terminara, com a perna direita estendida para trás e o braço direito para frente. Não houve mágico.
Eles estavam entre os últimos a sair do circo, determinados a jamais pisar outra vez em um circo, quando o sapo entrometeu-se em sua frente barrando-lhes a saída:
- Esperem mais um pouco. Por que já vão embora?
Haroldo adiantou-se, apontando um dedo para o sapo, uma atitude agressiva que o menino dificilmente teria em outras circunstâncias:
- Eu e minha irmã não vamos mais ficar um minuto sequer nesse lugar horroroso. Nós vimos o que foi feito ao pobre leão, sem falar na coitada da bailarina, presa.
- Mas é exatamente para nos ajudar a remediar esses problemas que eu gostaria de lhes pedir que ficassem mais um pouco - disse o sapo lhes dando um sorriso amigável.
Os palhaços, vendo que algo estava estranho, aproximaram-se da saída. O arlequim tocou no ombro do sapo, olhando assutado para as crianças lhe disse:
- Sr. Sapo, o que está acontecendo aqui? Co-como essas crianças ainda estão aqui? Não me diga que você quebrou seu contrato? - a última frase dita com temor fez as crianças pensarem no que aconteceria se houvesse uma efetiva quebra de contrato, o que, felizmente, não era o caso:
- Mas de forma alguma eu quebrei o contrato. Ele é bem explícito, eu devo impedir que as pessoas tentem entrar escondidas e, como foi bem lembrado pelo jovem rapaz, quando encontrei as duas crianças, elas já estavam dentro do circo. Portanto, deixá-las ficar não constitui nenhuma quebra no contrato.
O arlequim eufórico, abraçou o sapo e atirou-o para cima e aparou sua queda:
- Mas isso é maravilhoso. Vocês...vocês vão nos ajudar crianças?
Antes que Haroldo expressasse alguma hesitação, Clarissa adiantou-se e deu forte aperto de mão no arlequim:
- Mas com certeza que vamos.
O barulho de botas pôde ser ouvido ao longe agora que o circo estava em silêncio. O arlequim apressou-se em fazer com que as crianças entrassem no fusca dos palhaços e a voz grave do domador se fez ouvir no picadeiro:
- Que algazarra é essa que está acontecendo aqui?
O resto dos palhaços correu e se bateram e andaram em círculos antes de conseguir entrar no carro que, estranhamente, comportava todos eles e as crianças confortavelmente:
- Nada senhor, são só esses palhaços bagunceiros, mas já estou dando um jeito neles.
Dentro do carro o arlequim começou a explicar para as crianças como após a morte do mago, que também era o mágico do circo, o domador de papel apossou-se do escritório onde ficam os contratos mágicos de todos os integrantes do circo e de acordo com os contratos nenhum funcionário do circo, com excessão do dono da sala, pode entrar lá. De imediato as crianças entederam qual seria o seu papel.
O domador aproximou-se da bailarina:
- Já mudou de opinião?
Ela levantou um pouco o olhar, mantendo o passo de balé em que se encontrava:
- Não.
- Olha bem, você vai ficar livre desses fios, vai ficar livre e vai ser dona disso tudo comigo. Eu assumi tudo por sua causa.
- E foi você também quem me prendeu nos fios - ela baixou de novo o olhar.
Ele lhe lançou um olhar irado:
- Pois bem, é por causa dele não é? Tragam o arlequim.
As crianças olharam para o seu novo amigo que lhes disse:
- Não se preocupem, enquanto eu vou lá, vocês dão a volta por trás do picadeiro, o corredor iluminado pelas tochas leva até o escritório, por favor, peguem os contratos.
O arlequim desceu pela porta contrária a que havia entrado e enquanto se dirigia até o domador. as crianças também sairam mas foram caminhando pelo outro lado, tendando fazer menos barulho possível, mas nem precisaram se esforçar muito para isso, pois o som das chicotadas que o arlequim tomava enchiam o ar. Haroldo parou um momento para ver a cena e percebeu que as lágrimas da bailarina brilhavam quando caiam do seu rosto até chegar ao chão.
Quando chegaram no corredor e não podiam mais ser vistas as crianças correram, até chegar à porta de uma sala. Pararam um instante para observá-la, era decorada com um papel de parede azul escuro com sóis e estrelas com rostos dourados desenhados, mobílias antigas e muitos papéis. Num porta retrato havia uma fotografia de um homem jovem de fraque, capa e cartola junto aos integrantes do circo, todos pareciam muito felizes. Na escrivaninha logo abaixo da prateleira onde se encontrava o porta retrato as crianças viram um bloco de papéis, todos iniciados com a palavra contrato.
Rapidamente pegaram todos, quando estavam saindo da sala Clarissa viu uma tesoura e também levou-a, pensando em cortar os fios que prendiam a bailarina. De volta ao picadeiro, assustaram-se com a selvageira que tomava conta do lugar
- Pare senhor, vai matá-lo.
Mas o pobre sapo levou um chute que o fez voar até a arquibancadas, inerte. Em volta do domador, mas sem coragem de intervir mais diretamente, os palhaços lhe rogavam que parasse com aquela loucura. O arlequim caído no chão já não tinha forças para se defender. Tomada de uma raiva crescente com a injustiça sendo cometida, Clarissa pegou uma das tochas e avançou contra o domador. Seu irmão tentou impedí-la, mas ela era foi mais rápida. Prostrou-se entre o domador e o arlequim, segurando a tocha de forma ameaçadora:
- Deixe-o em paz.
- Sai do caminho.
Se esquivando da tocha o domador empurrou a menina. Com o tombo ela deixou a tocha cair e se apagar. Vendo a irmã ser agredida, Haroldo pegou outra tocha e investiu contra o domador, que deu um urro de dor quando o fogo começou a consumir seu corpo:
- Venham amigos, pegamos os contratos de vocês.
Clarrisa usou a tesoura para libertar a bailarina que correu para ajudar seu amado arlequim. Nesse momento o domador reaparece, assustador com seu corpo pegando fogo:
- Eles não podem sair, é magia do circo que lhes dá vida, lá fora eles não são nada. AHAHAHAHAHAH. Vão todos morrer comigo - dizendo isso, ele lançou-se contra lona, que imediatamente começou a ser consumida pela chamas:
- Ele está mentindo, não está? - perguntou Clarissa entrando em desespero.
Os semblantes tristes dos palhaços revelava que não:
- Sem nossos contratos ele não poderia mais exercer poder algum sobre nós, mas ele está certo, fora do circo nós não existimos - disse o arlequim com tristeza.
- Agora vão, obrigada por tudo que tentaram fazer por nós - a bailarina lhes deu um sorriso de sincera gratidão.
De longe os irmãos puderam ver o circo ser consumido pelas chamas e se despediram da silhueta única que o casal abraçado formava. Mesmo o fogo tendo consumido tudo não sobraram cinzas, só o canteiro de flores indicava onde o circo havia se instalado. Haroldo e Clarissa encontraram uma pequena estátua de um casal, chamuscada e quase irreconhecível. No outro dia ninguém tinha lembrança alguma de que um circo passara pela cidade.

sábado, abril 21, 2007

De Madrugada (mais outra)

Dormiu antes do programa terminar, àquela hora no quarto só havia a iluminação da tv fora do ar, luz fria, concentrada em uma parede, deixando o resto no breu. Abriu os olhos devagar, sentou na cama e olhou-o, o torso nu e peludo, a barba cerrada, invejava o sono despreocupado que ele tinha. Levantou, andou até a janela, pegou o maço de cigarros e o isqueiro que estavam no criado mudo. Vestia somente a parte de baixo da roupa íntima. Se alguém olhasse de fora veria somente o contorno do seu corpo e o brilho laranjado do cigarro quando tragava. Pensou na cena reprovável que estava protagonizando, agora poucos fumavam no cinema, antes eram poucas as cenas sem cigarros, mas faz alguns anos alguém determinou que cigarro em filmes é um mau exemplo. Ele se mexe na cama, ela se volta para olhá-lo "como é bonito". Ele estende o braço para o outro lado da cama, o vazio o faz despertar. Ele sorri antes de abrir os olhos, se encosta no espelho. Ela traga, enquanto solta a fumaça olha pra ele, As vezes eu sinto que deveria ser atropelada por um bonde, ele solta uma gargalhada, Cê tá pelada sua louca, ela afasta o cigarro da boca e apoia o cotovelo na janela, Não tem ninguém na rua e eu estou de topless, ele sorri mais uma vez, Vem pra cá que é, sua desfrutável. Ela apaga o cigarro no cinzeiro, deita aninhada a ele, sente o braço passando pelo corpo, apertando um pouco sua barriga e o beijo no pescoço. Fica acordada mais alguns minutos.
*
Cena roubada de um texto que ainda não escrevi

quinta-feira, abril 12, 2007

Melodrama

No cinema, talvez por ser escuro e as pessoas não se ocuparem umas das outras, ela fazia alguns pequenas afensas às boas maneiras, coisas impensáveis no dia-a-dia. A sua favorita era mastigar a pipoca de boca aberta, mas essa ela nem fazia conscientemente, só se deu conta disso quando aquela voz grave lhe avisou "Você tá mastigando de boca aberta". Nem percebera quando ele se sentou ao seu lado, talvez estivesse estado ali até antes dela chegar, não, não estava, disso ela tinha certeza, porque quando sentou havia escolhido uma fileira vazia. Engoliu e levou mais um pouco de pipoca à boca. No elevador panorâmico a personagem central do filme pensa "Longe é só um lugar onde você nunca foi". Ele tenta cautelosamente deixar o braço tocar no dela, havia finalmente compreendido que as pequenas coisas do cotidiano são infinitamente mais difíceis de contornar do que os grandes problemas. Ela tira o braço do apoio da cadeira, para ela as pequenas coisas já tornaram-se irremediáveis:
- Eu queria falar contigo.
- Mais ainda? E no meio do filme? Que timing hein...
- Pára com isso. Eu só queria saber por quê, só isso.
- Você não me diz coisas bonitas, por isso.
Na película Alice dizia para o vento "destino é aquela da gente que emfrenta o mundo" e depois finalmente encontrava Alberto.
- Lógico que disse...
Ela se virou e seus olhos tinham o brilho de algumas lágrimas que chegam à borda dos olhos, mas por lá ficam até voltarem para onde quer que seja que as lágrimas possam voltar:
- "Agradável", nunca se esqueça disso, você disse que sou "Agradável".
O filme terminou e ela adiantou-se , quando ele levantou havia várias pessoas tentando sair. Lá fora uma daquelas chuvas que dão tristeza. Ele tentou acenar e chamar seu nome, mas ela estava de costas e fingiu não ouvir. Atravessou o sinal nos últimos segundos e ele ficou preso do outro lado. Alcançou-a quase no final da praça:
- Espera.
- Pra quê? Pra ver você se molhar e se enrolar mais ainda? - ela não tinha mais lágrimas nos olhos, tinha uma expressão de ressentimento no rosto.
- Bom quantoa chuva, cê tem um gurda chuva bem grande...
- Esse tipo de momentos íntimos nós não partilhamos mais.
- Não foi aquilo que eu quis dizer...
- Não? Você quis dier o que então, que eu sou bacana, que...
- O QUE EU TÔ TENTANDO DIZER, aparentemente com pouco, na verdade sem sucesso algum, é que eu não sabia o que dizer daquela vez...
- Ah, e sabe agora?
- Pára de me interromper, não tenho nem certeza se isso que eu vou dizer é exatamente o que eu sentia, mas é o que eu acho que deveria ter dito. Estra com você tinha uma sensação de familiaridade, parecia que nós estávamos daquele jeito desde sempre e que iríamos ficar daquele jeito pra sempre... - ele baixa um pouco o olhar.
- Eu não sei se isso é bom ou ruim.
- Eu achava bom.
O ressentimento, mesmo não esquecido, lhe deixa o rosto. Ela se permite lagrimar:
- Pode andar debaixo do guarda chuva.
- Brigado.
- Ai, cê tá todo molhado.
- Culpa tua - ele sorri.
- Se comporta, senão vai já voltar pra chuva.
- A tua casa não fica pro outro lado?
- Eu não sabia o que fazer, tava só seguindo uma direção.
Eles caminham juntos.
---
* Só a Sue sabe desde quando isso tava na geladeira.

terça-feira, abril 03, 2007

Flores

Uma conversa me fez lembrar da minha avó. Nunca lhe tive amor, tenho o terrível defeito de não ter amor instantâneo por parentes, até para esses necessito de convivência para vir a amar. Mas lembro que gostava de ir a casa dela, era pequena, mas tinha um jardim com muitas plantas e eu gostava de cuidar do jardim com minha mãe, era um momento de intimidade nosso. Sempre me preocupava de saber quais as plantas que minha avó tinham e que eu gostava, para termos no nosso também. Lembro de observar uns xaxins com umas plantas de flores lilás, bem pequenas, amores perfeitos se não me engano, o xaxin ficava um pouco mais alto e eu precisava ficar na ponta dos pés, as sobrancelhas deviam estar arquedas, faço isso até hoje. Sempre passava pelos jamins também, escondia um nas mãos, como se alguém fosse se importar com um jasmim roubado. Dos anturios nunca gostei, feios, sem perfume. Uma vez plantamos jasmim em casa, mas hoje ninguém cuida mais do jardim. Sempre paro um pouco quando tem jasmins em um jardim, as vezes pego um.