domingo, junho 06, 2010

As vezes a ficção nos faz tremendos deserviços, acreditamos que as coisas mudarão, que as pessoas mudarão, que no final das contas, se as coisas não terminaram bem é porque ainda não terminaram. Ela nos faz acreditar em tudo aquilo que gostaríamos que fosse verdade e a vida fica parecendo ficção, porque era a ficção que deveria ser a realidade, algo totalmente absurdo, contudo, verdadeiro.
Mas nem é só culpa da ficção, Deus tem um senso de humor irônico e a vida às vezes pode simplesmente ser ruim, não o tempo inteiro, mas alguns momentos podem ser particularmente muito ruins, o Caio Fernando Abreu chamava isso de ciclos secos, um desses momentos que dá vontade de se jogar na frente do ônibus e estragar o dia de todo mundo.
Tô esperando o meu passar.

sábado, maio 15, 2010

À deriva

Os livros estão começando a empilhar de novo, é sintomático, eu compro muitos e não tenho concentração pra terminar nem os menores. Não consigo escrever também, minha parte do livro desse ano está inacabada e o prazo deve vencer esse mês. Fico dizendo o tempo inteiro pras pessoas que eu não saio porque tenho de escrever, mas é mentira, tenho três páginas prontas e só, no retso do tempo eu fico imaginando o que escrever, sem de fato colocar uma linha sequer no papel. Não faz diferença, no final vão dizer que está criativo, isso é o que se diz quando não se consegue entender, mas sabe, ou pelo menos acredita que sabe, que quem escreveu sabia muito bem o que estava fazendo. Queria queimar todos, especialmente aqueles em que participo.

sábado, maio 08, 2010

One less bell to answer - Burt Bacharach

One less bell to answer
One less egg to fry
One less man to pick up after
I should be happy
But all I do is cry

(Cry, cry, no more laughter) I should be happy
(Oh, why did he go) I only know that
Since he left my life's so empty

Though I try to forget it just can't be done
Each time the doorbell rings I still run
I don't know how in the world
To stop thinking of him
'Cause I still love him so
I end each day the way I started out
Crying my heart out

One less man to pick up after
No more laughter, no more love
Since he went away (he went away)

(One less bell to answer) Why did he leave me
(Why, why, why did he leave me)
(One less bell to answer) Now I've got one less egg to fry
One less egg to fry
(Why, why, why did he leave me) And all I do is cry
(One less bell to answer) Because a man told me goodbye
(Why, why, why did he leave me)
(One less bell to answer) Somebody tell me please
Where did he go, why did he go
(Why, why, why did he leave me) tell me How could he leave me

A chair is not a house (não sei o autor)

A chair is still a chair
Even when no one is sitting there
But a chair is not a house
A house is not a home
When there's no one there to hold you tigh
And no one there you can kiss goodnight
A room is still a room
Even when there's nothign there but gloom
But a room is not a house
And a house is not a home
When the two of us are far apart
And one of us has a broken hear
Now and then I call your name
And suddenly a face apears
But it's just a crazy game
That when it ends
It ends in tears
Oh, so darling, have a heart
Don't let one mistake keep us apart
A hurt man to live alone
Turn this house into a home
When I climb the staris and turn the key
Please be there
Still in love with me
Oh darling have a heart
Don't let one mistake keep us apart
A hurt man to live alone
Turn this house into a home
When I climb the stairs and turn the key
Please be there
Still in love with me
Still in love with me
Eu disse que ia mudar, mas eu menti, não mudei em nada, não cedi um milímetro. Continuo patético, patético e fora de moda, eu suspiro, ninguém mais faz isso, mas eu insisto nessas humanidades bobas.

quarta-feira, abril 21, 2010

Comi sozinho ontem a noite, não faço mais jantar, também não vou em restaurante, é ridícula a atenção chamada por um homem jantando sozinho, ou então deve ser a desolação que eu me recuso a esconder, não vou fazer isso por você, já abri mão numa quantidade mais que razoável de pontos. Não, eu não estou contabilizandoas coisas, pelo contrário, tô chutando o máximo de baldes possível, se espirrar algo em você, paciência.

domingo, abril 18, 2010

São sete da manhã e já tá chovendo, vai ser um daqueles dias que nublados em que ela (a chuva) vai e vem, sem aviso. Não dá pra sair, na verdade dá, mas eu não consigo sair de casa, você podia pelo menos deixar o telefone ligado, mesmo sem você atender eu ficaria mais tranquilo. Eu vi você passar pro outro lado da rua naquele dia, pensei em te chamar, mas não quis te constranger ou me constranger, não sei, sempre tento pensar que faço as coisas por você. Escrever é uma dessas coisas, ainda que eu saiba que você não as lê "Pretencioso demais", notei que algumas pessoas lêem, fico muito feliz, mas eu queria mesmo era que você lesse, já que eu não posso, melhor dizendo não devo falar com você. Ainda tá chovendo.

sábado, abril 03, 2010

Precisava não escrever algo horroroso

Chega pra cá. Não interessa se tá calor, moramos em Belém do Pará, sempre vai estar calor. Cheiro de pele é diferente, o corpo fresco após o banho é bom, mas isso, essa umidade bem fina na tua nuca que tem um cheiro único, isso é indescritível. Encostar meu peito nas tuas costas, passar um braço ao redor do teu corpo, puxando pra perto do meu e com uma das mãos levantar os teus cabelos, puxá-los com força apenas o suficiente pra fazer a tua nuca encostar no meu nariz... indescritível. Agora você já sabe. Então... vem?

quinta-feira, março 18, 2010

Outro dia eu notei que duas meninas de colégio me olhavam no ônibus, me descuidei e fiz algo instintivo quando se está sendo olhado, voltei meu olhar na direção das duas. Fizeram mexericos de menina uma com a outra, é tão fácil notar quando meninas ficam encabuladas. Olhavam um homem mais velho e ele percebeu. Fui condescente com o constragimento que as duas deveriam estar sentido e sentei num banco longe, como se não houvesse notado... Mentira, eu ignorei as duas, é isso que eu faço quando não sei agir, eu ignoro as coisas, as pessoas também, o tempo todo... Fiquei nervoso, a testa se encheu de gotículas de suor, ajeitei e limpei os óculos, desnecessariamente, várias vezes, pelo menos eu estava de costas e elas não puderam me ver. Malditas garotas de colégio, eu não lido com pessoas, eu não sou bom nisso, passo invisível por todos, mas isso também não é de todo verdade às vezes alguém olha, mas eu me escondo de novo, estou até ficando bom nisso.

quarta-feira, fevereiro 24, 2010

As vezes eu queria que o mundo enlouquecesse e algo muito absurdo, tipo a a gravidade ficar maluca, e de alguma forma isso aproximasse você de mim. Piegas, eu sei, mas não tem outro jeito, porque as vezes parece que é só o absurdo que pode fazer algo mudar. Por isso que eu imagino salas enchendo d'água e as coisas começando a flutuar ou bolas de fogo na cara do poeta chato. Nem o livro dos contos de suicídio ajudou a mudar alguma, no fundo ele tem uma mensagem otimista que bem besta, mas aquela frase me pegou de jeito "Enfim, se não fizer alguma coisa, se não inventar alguma coisa logo, vou acabar mal, muito mal mesmo", por isso vou lê-lo até o fim, tenho o mesmo medo.

quinta-feira, janeiro 21, 2010

-Você já viu uma plantação de girassóis?
- Não...Você já viu?
- Sim, é lindo...
- Tá... (Sei que vou me arrepender de perguntar) Quando, hein?
- Ah, foi num sonho.
- Então você não viu.
- Ué, vi sim, lembro até hoje.
- Não, você sonhou, você não viu, se pelo menos fosse num filme, mas sonho não conta!
- Ai, deixa de ser castradora. Vai dizer que você nunc ateve um sonho que mais parecia um fato real, mais importante do que tudo que acontece durante a vigília?
- ...
- Sem resposta emburrada? Isso quer dizer que teve?
- Bom... Não é assim...
- Ah meu Deus, teve!
- Pára.
- Uma pinóia, bora, conta logo. Essa pode ser uma das poucas chances de salvar o resto de humanidade que tem nesse teu coração de pedra, mulher!
- Palhaço...
- Ah vai, conta.
- É idiota.
- Sobre o que foi?
- Uma festa... Não, um show... Ah caralho, esquece!
- Festa? Meu Deus, tinha homem, não tinha?
- ...
- Meu Deus, tinha! Ela não só sonha, como também é sexualizada, almas se salvaram hoje. Muitas, viu!
- Vai te fuder!
- Tá bom, tá bom, não tô mais sacaneando, conta.
- É bobo.
- PORRA! Conta!
- Era um teatro tipo arena. Eu tava no degrau mais alto, ele tava lá embaixo, usava roupas escuras, tava descalço, tinha uma barba um pouco grande, mas o rosto era tão claro. Não, não era simplesmente branco, era luminoso. O lugar tava vazio, a não ser por nós dois, claro. Mas tinha música, como uma banda de fanfarra, na verdade. Ele tava tocando tuba (é, eu sei, o instrumento mais idiota do mundo). Ele percebeu que eu tava observando e parou de tocar, o ar se encheu de partículas de estática. Não conseguia ver os olhos dele, de longe parecia não ter íris, só estática, pareceia que eram... Não, de alguma forma, eram estrelas de verdade. Então, ele sorriu, e eu acordei.
- ...
- Que foi?
- Nada.
- Fala!
- Ah... Pro inferno com os girassóis! Eu quero um sonho desse aí.