segunda-feira, novembro 14, 2005

Nola´s Bounce

Ela precisava de cd´s novos, quem sabe uma saia também. Por mais que deteste futilidade, admite que comprar é terapêutico. Aprendeu isso com a irmã, é sempre bom fazer compras com ela. Uma ligação breve e está tudo acertado: almoço, compras, depois o jantar, com todas as calorias que ela tem direito e mais vinho do que realmente precisava. Acabou dormindo na casa da irmã, por sorte tinha a sua pasta e e o corpo parecido com o da irmã.
Ele está semidesperto, esperando a música começar e nada. Talvez ela apenas esteja cansada e resolveu dormir mais uns cinco minutos. É, é isso, daqui a cinco minutos ela vai levantar, colocar o cd e ele terá mais um "Bom dia!" maravilhoso, como todos os outros. Passa os cinco minutos deitado brincando com os polegares , mãos sobre o peito. Nada de música.
Ela sentiu falta de seu cd, não importa se ela tem cinco novos, de manhã tem de ser aquele. Mas o dia anterior foi maravilhoso, nada poderia estragar o hoje. Nada a não ser uma pane geral no sistema, um cliente especiamente mal educado e uma cafeteira quebrada. Ela volta pra casa com vontade de explodir uma ilha, seria só uma ilha bem pequena e sem graça, ninguém iria sentir falta dela. Ora, se os franceses podiam explodir bombas atômicas no Atol de Biquini, que é uma maravilha da natureza, por quê ela não poderia explodir uma ilhazinha pequena e sem graça. Pelo menos ela podia matar a vontade de escutar seu cd favorito.
Como assim, ela não dormiu em casa? Faz meses que ela não sai de casa, nem aos sábados, que dirá durante a semana. Ela não conheceu ninguém, ele teria percebido. Fora ele, ela não deveria ter conhecido ninguém. Como pôde, depois de tudo que ele passou?Mas a culpa não era dela, ele havia esperado demais. É lógico que ela iria conhecer alguém, ela não é linda só aos olhos dele, mais alguém notou isso e agora ele a perdeu. Não, não poderia perdê-la, não assim, isso é cruel, ela não deveria ficar com outro, colocar sua música favorita pra outro, ser de verdade para outro e quase imaginária pra ele. Precisava tomar uma atitude.
No dia seguinta as coisas pareciam ter voltado ao normal. Não, elas não poderiam mais voltar ao normal. Ele acordou mais cedo, fez a barba para não aparentar ser mais velho que ela, se arrumou para ir trabalhar, mesmo alguns anos ele escrevsse em casa eandasse tudo por e-mail. Correu para o elevador:
- Bom Dia!
- Bom dia. Ela respondeu com um sorriso.
- No outro dia eu nem perguntei seu nome, seqüela minha - Pensando "Isso idiota, agora ela vai pensar que você é um drogado ou um velho gagá que teve derrame".
- É Joana.
- Ah, Alberto!
- Joana...ha..é que...eu não queria parecer assustador perguntado isso do nada, mas você gostaria de jantar comigo... um dia...qualquer um.

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