sábado, fevereiro 03, 2007

Chuvarada (Pro Ronan)

Ele parava diante da janela toda vez que a chuva começava, sem pensar em nada, só observando as coisas que aconteciam nisso que ele chamava de vida. Muita gente só faz isso aos 30 as vezes nunca, ele o fazia aos 9. Nesse dia em especial havia um bando de meninos brincando na chuva. Um relâmpago passou no céu e no segundo de distração que isso causou, um homem apareceu à sua janela. Vestia-se com roupas leves, brancas, estava descalço e segurava um guarda-chuva preto bem grande. Tinha cabelos longos e brancos e a barba cerrada:
- Olá jovem - sorriu parecia não precisar fazer esforço pra ser ouvido, mesmo com a chuva que sempre abafa a sonoridade de tudo ao seu alcance.
- Ah... o-oi - arredio, ele se afastou um pouco da janela.
- Sou Éolo, deus das monções. Vim aqui pra te ajudar - ele afasta um pouco o guarda chuva, levanta o rosto pra sentir os pingos de chuva tocando seu rosto e rapidamente encharcando os cabelos - Mas faz uma bela tarde de chuva, não é mesmo? - Seu sorriso mostrava verdadeiro contentamento.
- Mas... se você é um deus por quê não entra usando seus próprios poderes?
- Ora, certamente eu poderia fazê-lo - seus olhos azuis transparenciam uma docilidade que a criança não estava acostumada a ver em seus pares e lhe sorriu uma terceira vez - mas conto com sua boa educação e gentileza para abrir sua janela e me permitir entrar. Seria muita falta de educação, mesmo tendo boas intenções, que eu invadisse sua casa, não acha?
Mesmo relutante, o menino teve de atribuir razão a lógica que lhe foi apresentada. Com a janela aberta, o suposto deus fechou seu guarda chuva e entrou na casa, mesmo descalço seus pés não deixaram marcas no piso claro. Pelo menos de perto ele aparentava uma estatura que, para um garoto de nove anos, mais do que adequada para ser adjetivada como divina:
- Muito bem, você é uma criança muito educada, mas faltou um pequeno detalhe.
- O quê?
- Ora, eu me apresentei formalmente e você nem fez menção de dizer pelo menos seus títulos.
- Ah, meu nome é Guilherme, mas eu não tenho títulos - o garoto mostrava certo embaraço em relação a possuir títulos, porque não sabendo do que se tratava pssuir um título acreditava que não poderia possuir algum.
- Bem... sem títulos hein? Bom, se tudo der certo até o final de nossa contenda, eu lhe concederei algum - acrescentando um sorriso afável a frase fazia o menino começar a esquecer o estranhamento que a situação lhe causava. Continuou:
- Muito bem jovem Guilherme, provisoriamente este será seu título, depois o trocaremos pois este é comum demais, me diga, por que fui trazido até aqui?
- Ah...e-eu não sei, achei que você tivesse vindo só fazer uma visita.
- Deuses não fazem meras visitas. Alguma coisa te aflige. Diga-me o que acontece.
- Não tem nada de errado.
- Ah, mas disso eu discordo veementemente. Uma criança como você passa os dias trancado em casa, mesmo quando todas as outras estão lá fora brincando. Veja os outros meninos, todos se divertem.
- Ah isso. Sabe é que...que eu estou apaixonado...
- Mas não há problema algum nisso, mesmo que não seja muito saudável acontecer com alguém tão novo. Até com os mais velhos é perigoso, uma vez apaixonei-me por uam flor sabe... Bem, mas isso não vem ao caso. O que há de errado?
- Nada ué, só que eu dei meu coração pra ela, mas... mas eu acho que agora ele tá fazendo falta, ainda nem consigo andar direito.
- Absurdo, como dar o seu coração?
- Ela pediu, eu deu ué.
- Não há de ser verdade, deixe-me ver - Ele toca o peito do menino com a ponta de guarda-chuva e uma expressão de espanto toma conta do seu rosto:
- Inacreditável. Isso é perigoso. Vem, precisamos reaver o seu coração.
*Ronan, demorou mas tá aqui uma parte, vou ver se finalizo amanhã ^^ Espero que você goste

3 comentários:

Ronan Nascimento disse...

Você é o primeiro homem a me escrever um conto de fadas.

Sic disse...

Termina logo caralho!

Anônimo disse...

desculpe a invasão

preciso tbm reaver meu coração, e o primeiro homem que lhe escreve um conto de fadas tbm me ajuda, quando o faz.

Estou descobrindo rumos inesperados com os Deuses tbm... no momento passeio pelas teias de Anansi.

O que será que aprendemos quando 'damos' nosso coração? Sinto algo maior e melhor, bem diferente

estou aprendendo