quinta-feira, fevereiro 08, 2007

Chuvarada (Parte 4 -Final de Verdade)

Guilherme olhou para o horizonte da borda da montanha, voltou-se para Éolo:
- E agora pra onde nós vamos?
Ele também fita o horizonte, seu perfil demonstrava um sorriso, apoia o braço esquerdo com o guarda chuva:
- Agora você vai conhecer minha casa.
- E como a gente vai chegar lá?
Éolo fecha os olhos e devagar deixa a cabeça cair para trás:
- Estamos quase lá.
Antes que Guilherme pudesse se dar conta a grama havia desaparecido, agora eles pisavam em algo branco parecido com algodão úmido, porém mais leve, menos denso na verdade:
- Ai meu Deus. Nuvens. Nós estamos nas nuvens - era indisfarçável a excitação do menino, que prontamente saiu correndo.
- Cuidado...
Era tarde demais, o garoto se desequilibrara e caíra, diferente da terra, onde ele não passaria do chão, Guilherme afundou e desapareceu. Éolo encontrou-o logo abaixo deitado em uma densa nuvem de chuva, os cabelos umidecidos e o rosto respigado de água da nuvem que acabara de atravessar:
- Você está bem?
O garoto lhe sorriu pela primeira vez no dia inteiro:
- Bem? Eu estou mais do que bem, isso aqui é incrível.
Éolo sorriu e lhe estendeu um braço:
- Vamos, temos coisas importantes a fazer ainda hoje.
- Tá.
De volta a nuvem superior Éolo agaichou-se um pouco e soprou na direção do menino para secá-lo. Levantou-se e pôs as mãos próximas a boca como se faz para aumentar o poder da voz:
- Cirrus, Cúmulos, Nimbus. Venham aqui agora seus monstrinhos.
Na névoa podia-se diferenciar dois vultos, aproximadamente da altura de Guilherme. Um menino e uma menina. Vieram correndo e agarraram-se à Éolo. Ela tinha os cabelos cinzentos, lisos, cortados um pouco acima da altura do ombro, usava um vestido de mangas bufantesque deixavam os braços quase inteiramente à mostra. O rapazinho, também de cabelos acinzentados, mas os seus ondulados e mais curtos, usava calças que não chegavam ao fim de suas pernas e uma blusa de mangas compridas abotoada até quase a gola. Ambos tinham os olhos idênticos ao de Éolo:
- Guilherme, deixe-me apresentá-lo aos meus monstrinhos. Esta é Cúmulus e este Nimbus.
As duas crianças respoderam quae ao mesmo tempo com sorrisos e "Olá".
- Espera, mais eu podia jurar que havia mais de vocês. Ah, é claro. Onde está Cirrus?
Cúmulus ergue o rosto para olhar Éolo nos olhos:
- Faz dias que não a vemos.
- Ela deve estar por aí.
Éolo pôs uma mão aciam das sobrancelhas como se tentasse apurar a visão, olhou para todos os lados e chegou a conclusão de que a menina não se encontrava em seu reino:
- Nosa pequena ladra está tentando se esconder, mas nenhum filho meu pode esconder-se de mim.
- Ela não roubou nada.
- Claro, claro, por um momento esqueci que você foi tolo o suficiente para lhe dar seu coração. Venha, eu sei onde ela está.
Guilherme deu a mão para Éolo e começaram as descer na nuvem. Flutuaram até chegar na laje do prédio onde moram os parentes de Guilherme. Lá estava Círrus, em seu vestido de mangas longas, os cabelos ondulados soltos, segurando nas mãos algo que brilhavam com uma luz prateada como àquela que vem da lua.
- Círrus, esperava esconder-se de mim?
- Não...eu só...eu não queria que você o tirasse de mim.
- Que insolência, vamos, devolva-o agora.
- Não, ele é meu, me foi dado de boa vontade, você não pode tirá-lo de mim.
- Chega, faça o que digo, o garoto precisa dele e você é minha filha, obedeça.
- Você é sempre assim, sempre me dizendo o que fazer. Você sempre acha que eu não sei nada, mas eu sei. Aqui não é o seu domínio e você não pode exercer poder algum sobre mim - desesperada a pequena sílfide começou a correr. No céu um clarão repentino que somente Éolo percebeu, mas não pôde agir a tempo.
- Círrus cuidado.
A menina tropeçou e ao cair derrubou o que tinah nas maõs e pode-se ver a orbe que brilhava prateado. Quando caiu de sua mão formou-se uma pequena rachadura. A luz diminuiu um pouco de intensidade. Nesse momento Guilherme caiu de joelhos com as mãos no peito como se sentisse uma grande dor. Éolo precipitou-se até Círrus.
- Garotinha tola, há mais coisas em risco do que sua simples desobediência, que quase custou a vida do mortal.
Guilherme se levantou ainda com uma mão no peito e andou até os dois. Tocou Éolo no ombro:
- Pára, deixa ela em paz - sorriu para Círrus, a garota tinah lágrimas nos olhos.
- Eu tava pensando. Será que você poderia me devolver isso aí?
Ela junta a orbe com as duas mãos e a pressiona contra o peito de Guilherme, quando termina um brilho cruza os olhos do rapaz:
- Obrigado, acho que eu não posso visitar você não é?
Éolo toma a liberdade de responder a essa pergunta:
- Infelizmente não jovem. É uma pena, mas o único título que posso lhe conceder agora é o Guilherme, Coração Quebrado.
- Ah - o garoto diz imitando a voz de Éolo - mas eu acredito que esse seja um título bastante adequado.
Círrus dá uma risada tímida. Éolo coloca a mão em seu ombro:
- Então, acredito que seja isso. Pedimos desculpas por todos os transtornos.
Guilherme fica no alto do prédio olhando para o que acontecia abaixo. Ainda que ninguém possa saber como as coisas teriam sido, para o garoto elas jamais poderiam ser as mesmas.
***
Depois de deixar Círrus em seus domínios, Éolo dirigiu-se até o monte Olimpo, até o salão de Afrodite, deusa da beleza e do amor:
- Você não estava e pedindo um simples favor não é mesmo?
- Não meu querido, não para mim.
Ele coloca duas setas quebradas na mesa:
- Espero que elas façam falta a seu filho.
- Entenda Lode Éolo, meu filho participou desse joguinho estúpido com riscos muito altos. Eu não poderia arriscar que ele o perdesse.
- Mas não se importou de arriscar um dos meus.
- Não estava em meu poder decidir isso.
- Que seja, saiba que desse momento nossas relações estão abaladas e não me sinto mais em débito para convosco nem muito menos sua prole.
- Entendo.
- Então, é adeus.
- Adeus Lorde Éolo.
- Adeus Lady Afrodite.
Éolo seguiu para seus domínios. Ambos sabiam que haviam feito o que qualquer pai deveria fazer.

2 comentários:

Unknown disse...

Pela filha de Júpiter!

Agora é tua vez Athena! Deusa da sabedoria! Ajudai o espírito do nosso querido Gêmeos a encontrar o outro espírito, que mais poderá ajudá-lo e recriar tal coração ferido.

Rogo a ti Eolo, ajudai Guilherme! Utilizai a Astro-lógica se precisares. Athena a tem por completo.
A ascendência a Libra irá nos ajudar. Nós! Os amigos mais próximos da, também chamada, Sofia.

Nós, virgianos, os mais próximos aos Deuses. Por mérito vosso, conclamos, proteja-nos também.

Neste encontro que precisa ser leve, divertido e encantador!

Até lá, seguirei meu mapa. Meu astral na teia de Anansi.

http://spaces.msn.com/lagrimasdeumsol

Sic disse...

Baby que presente foi esse? qual é o problema com o final????

É liiiiiiiiiindo

Estou com um pouco de inveja do Ronan kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk