quinta-feira, dezembro 21, 2006

Marisa (S&R Letras)

Ela acordou decidida, hoje era o dia de conquistar o boybem. Maquiagem leve, vestido, óculos escuros à Lady Vengeance, brincos e é claro salto. Se tivesse algum, colocaria um chapéu, completaria o efeito desejado. O boybem já foi escolhido, era apenas questão de atraí-lo, ele já sabia o quanto ela era inteligente, divertida, simpática, só faltava perceber o quanto ela é bonita. Nada que um ar blasé e uma boa produção não dessem jeito.
Vive la Fête no som do carro, pronto, trilha sonora. Agora era percorrer a cidade a caça do boybem, do seu boybem. Já sabia onde poderia encontrá-lo, na verdade sabia RG da vítima, sabia que com toda certeza naquela hora ele estaria tomando vinho com alguns amigos em algum lugar charmoso da cidade. Estacionou. Procurou. Achou, agora era linha reta no alvo, olhar penetrante, um pé na frente do outro pro andar ter mais cadência, óbvio sem exageros. Gostava de pensar que percorria muito bem a linha da sensualidade sem nunca pular por lado negro da força, a vulgaridade. Sorriu, e quase acertou, ele estava bebendo vinho sim, mas sem os amigos. Estava no balcão com uma garota. Ela teria de desculpar-lhe, mas iria roubar o boy.
A única coisa que ela precisava era um olhar. Senta numa mesa pra decidir o que fazer. Quando está tirando os óculos escuros um garçom deixa cair um copo, desviando todos os olhares – esse é um daqueles dias em que nada podia lhe atrapalhar. Quando as pessoas estavam voltando ao que estavam fazendo seus olhares se cruzaram. Suas mãos ainda seguravam os óculos, deu um meio sorriso só com os lábios e acenou de leve. Assim que a viu não podia deixar de falar com ela. A outra moça nem tinha chance, não naquele dia:
___ Posso sentar?
___ Claro - Seus olhos tinham um certo brilho, devia ser por causa do desejo.
___ Estás bebendo o que?
___ Não sei, um chileno que o garçom recomendou.
___ Me veja o mesmo que ela, por favor.
___ Precisamos brindar.
___ Bem, a que vamos brindar?
___ A nós!
___ E a “ocasião” é importante?
___ Somos nós, eu decidi que de hoje não passa, eu te quero e vim aqui exatamente pra isso, pra te trazer de uma vez por todas pra dentro de uma parte da minha vida da qual tu só fazes parte na minha cabeça.
___ Tenho escolha? - Ele sorri com o canto dos lábios e lança o olhar para baixo.
___ Ainda resta dúvida? Sabe quantos no mundo podem se dar ao luxo de falar que já me tiveram aos seus pés? Dois, contigo três e aprendi não deixo mais passar, acordei decidida a te ter.
___ Já me tens, somos amigos.
___ Eu quero mais. Não, não é “mais” a palavra certa, eu já tenho muito de ti, eu quero algo diferente. Além disso, amigos eu já tenho de sobra, você eu quero pra outras coisas.
___ Essas outras coisas ao que me constam não são feitas entre inimigos.
___ Eu quero essas coisas só comigo, quero também tardes de mãos dadas pela rua, quero rotina compartilhada, quero momentos imbecis infantilizados, quero a preferencial das tuas escolhas.
___ E o que eu ganho com tudo isso?
___A certeza de divertimento ou a devolução.
O silêncio e uma olhada para o lado, o que significaria isso? Um gole no vinho, voltou o olhar pra ela, e a perguntava continuava, o que significa isso?
___Estou assustado
___Não era esse o objetivo, na verdade só não queria deixar passar de hoje, essa situação está sendo protelada há algum tempo, sou impaciente, como meu amigo tu sabes disso.
___E como teu amigo eu também sei que tens uma péssima mania de vilanizar os que não te obedecem.
___Isso significa que a tua resposta é não? Ela já devolveu os óculos para os olhos, virou a cara e deu uma golada poderosa no chileno que descia na garganta como se fosse uma dose de cachaça que custou 0,50 centavos.
___Eu falei alguma coisa? Na verdade me deixaste falar alguma coisa, alguma vez?
___ Não acredito que vamos ter uma “DR”, sem nem ter começado o “R”.
___ Isso não é uma discussão, é uma constatação, não me deixas ter escolhas, és como um mar, ao mesmo tempo em que fascina, dá medo. Nunca sei o que realmente fazer.
___ Eu vilanizo os desobedientes e tu os incompreensíveis. Deu uma risada, tomou mais um gole e deixou o clima da conversa mais leve.
___ Quer saber honestamente o que está passando pela minha cabeça?
___ Com certeza, com mais certeza até de que eu sabia que você ia deixar a menina do balcão pra vir sentar comigo.
___ Você me assusta. Não é bem isso, é que... a idéia de gostar de você me assusta...
___ Que absurdo. Você tem medo de mim?
___ Não é isso, calma.... é que a única coisa que passa pela minha cabeça é um gostar irracional, daqueles que faz com que você não pense em outra coisa... e isso me assusta.... muito.
___ Sabe, eu vim decidida a sair dessa eterna sala de espera. – Ela fecha os óculos – Tô cansada de ter paciência, eu te queria agora, “Mas você tem medo de me perder como amiga” também não é?
___ Essa frase é velha, né?
___ Muito, vai, a menina ainda ta no balcão. Vou dar mais um tempinho aqui eu e o “olhar de fotografia de verão”.
___ Mas...
___Vai cão, antes que eu me emputeça.
Esqueci de dizer, os textos do S&R Letras são escritos por mim e a Dra. Sexy SIC e são postados tb em http://sic8.blogspot.com

Um comentário:

Sic disse...

Mano como ese tal de S&R letras escreve bem heim? que coisa mais Narcisista elogiar em público o próprio texto kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

Depois do ano novo, atividades de dois, eu e tu, será que a gente podia dessa vez abrir uma vaga pra cama? kkkkkkkkkkkkkkkkk

Eu ainda continuo com meus planos diabólicos de te pegar kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk