quarta-feira, janeiro 17, 2007

Leveza

A única luz no quarto vinha da televisão, luz azulada porque o filme havia terminado faz tempo, contrastanto com a pele e a parede o azul se perdia num tom de lilás. Havia também um pouco de pôr-do-sol filtrado pelo vidro da janela. Estavam deitados naquela mesma posição por muito tempo. Qualquer um dos dois que quebrasse o silêncio teria de falar sobre algum assunto desagradável:
- Por que você tem de fazer as coisas assim? - Ele levanta o torso e se apoia no braço, agora a luz da televisão só ilumina metade do rosto a outra era pôr-do-sol.
- Porque sim ué. - Nada conseguia fazê-lo tirar os olhos do teto nem descruzar os braços.
- Pára com isso. - Ele odiava aquela forma descuidada de dar respostas.
- Não dá. Sabe, a coisa que eu mais queria dessa vida era ser leve, mas não dá.
- Por que não dá? - Seus olhos tinham uma agressividade triste, frustrada.
- Sei lá, sou metade bigorna, eu acho...

2 comentários:

Anônimo disse...

Adorei isso "sou metade bigorna"!
Melhor explicação para o peso da alma não existe...
Bjo,
Filha de Gaia.

Sic disse...

KKKKKK acho que eu sou bigorna inteira, literalmente!

Beijos