terça-feira, julho 24, 2007

O Barco (continuação)

Encontraram-se algumas outras vezes e a reciprocidade de sentimentos era inequívoca. O velho dono da livraria tentou avisá-la "Minha filha, não importa se antes ele não usava casacas e agora as veste, ele é um monstro e vai continuar sendo um. Até a mãe dele bem o sabe", porém, o deslumbramento da paixão fazia-a evitar o bom senso, mesmo que esse lhe agitasse placas durante o dia.
Não demorou muito para que se casassem, houve uma cerimônia simples, por algumas horas o desamparo parecia ter abandonado o olhar da moça e ao homem deve se dar o crédito de ter passado um dia inteiro disfarçando sua truculência. Entretanto, mesmo com toda a alegria daquele dia, o que ambos ignoravam era a grande tristeza que tinham e essa, talvez, fosse sua ligação mais forte.
No início, passado o estranhamento da falta de intimidade, amor e sexo eram a mesma coisa e assemelhavam-se a fome. Com o tempo já nem sabiam porque faziam amor, era apenas o desfecho do dia.
Alguns anos depois, ela já se resignara a constatação de sua infertilidade, a regularidade e quantidade de suas relações e pelo menos dois abortos expontâneos, lhe davam essa certeza, não de todo inesperada. Até que o destino, em mais uma de suas reviravoltas inexplicáveis, lhe concedeu todas as agruras de uma gravidez levada a cabo. Após o parto, de um menino saudável ainda que um poco pequeno, teve a surpresa da anunciação da mudança de sua sogra para junto do filho e da nora.
-Continua, sei lá porquê, mas continua-

Um comentário:

Sic disse...

Ai termina logo isso menino!

kkkkkkkkkkkkkkkkkkk

Eu estou um pouco pensando em casamento por esses dias, sei lá estou na verdade viciada em festa de casamento, vestido de noiva e tudo!!!!

Beijos baby