quarta-feira, fevereiro 24, 2010

As vezes eu queria que o mundo enlouquecesse e algo muito absurdo, tipo a a gravidade ficar maluca, e de alguma forma isso aproximasse você de mim. Piegas, eu sei, mas não tem outro jeito, porque as vezes parece que é só o absurdo que pode fazer algo mudar. Por isso que eu imagino salas enchendo d'água e as coisas começando a flutuar ou bolas de fogo na cara do poeta chato. Nem o livro dos contos de suicídio ajudou a mudar alguma, no fundo ele tem uma mensagem otimista que bem besta, mas aquela frase me pegou de jeito "Enfim, se não fizer alguma coisa, se não inventar alguma coisa logo, vou acabar mal, muito mal mesmo", por isso vou lê-lo até o fim, tenho o mesmo medo.

quinta-feira, janeiro 21, 2010

-Você já viu uma plantação de girassóis?
- Não...Você já viu?
- Sim, é lindo...
- Tá... (Sei que vou me arrepender de perguntar) Quando, hein?
- Ah, foi num sonho.
- Então você não viu.
- Ué, vi sim, lembro até hoje.
- Não, você sonhou, você não viu, se pelo menos fosse num filme, mas sonho não conta!
- Ai, deixa de ser castradora. Vai dizer que você nunc ateve um sonho que mais parecia um fato real, mais importante do que tudo que acontece durante a vigília?
- ...
- Sem resposta emburrada? Isso quer dizer que teve?
- Bom... Não é assim...
- Ah meu Deus, teve!
- Pára.
- Uma pinóia, bora, conta logo. Essa pode ser uma das poucas chances de salvar o resto de humanidade que tem nesse teu coração de pedra, mulher!
- Palhaço...
- Ah vai, conta.
- É idiota.
- Sobre o que foi?
- Uma festa... Não, um show... Ah caralho, esquece!
- Festa? Meu Deus, tinha homem, não tinha?
- ...
- Meu Deus, tinha! Ela não só sonha, como também é sexualizada, almas se salvaram hoje. Muitas, viu!
- Vai te fuder!
- Tá bom, tá bom, não tô mais sacaneando, conta.
- É bobo.
- PORRA! Conta!
- Era um teatro tipo arena. Eu tava no degrau mais alto, ele tava lá embaixo, usava roupas escuras, tava descalço, tinha uma barba um pouco grande, mas o rosto era tão claro. Não, não era simplesmente branco, era luminoso. O lugar tava vazio, a não ser por nós dois, claro. Mas tinha música, como uma banda de fanfarra, na verdade. Ele tava tocando tuba (é, eu sei, o instrumento mais idiota do mundo). Ele percebeu que eu tava observando e parou de tocar, o ar se encheu de partículas de estática. Não conseguia ver os olhos dele, de longe parecia não ter íris, só estática, pareceia que eram... Não, de alguma forma, eram estrelas de verdade. Então, ele sorriu, e eu acordei.
- ...
- Que foi?
- Nada.
- Fala!
- Ah... Pro inferno com os girassóis! Eu quero um sonho desse aí.

terça-feira, dezembro 15, 2009

Você ainda vai dormir longe de mim hoje? Serei bonzinho, prometo. Bom, pelo menos o tanto quanto consigo ser bonzinho. Prometo coisas de mais, eu sei, por isso que é só o tanto quanto eu conseguir. Isso é um progresso, não? Você vai dormir comigo então...?

terça-feira, outubro 27, 2009

Um vez eu falei de viver sem arrependimentos, acho que todo mundo fala. No meu caso descobri que falei cedo demais...

quinta-feira, outubro 08, 2009

Ele andava na direção contrária, mesmo com a visão pior que nunca eu sabia quem era. Fiz o de sempre, passei e fingi que não conhecia. Ele voltou, fez com que eu falasse com ele, não consigo largar essa porcaria de educação. Deixei que falasse, quando terminou continuei meu caminho, exatamente na hora em que virei de costas, ela cantou no meu ouvido "Fuck you, fuck you, very, very muuuuch". Nesse momento tive certeza de que a vida merece trilha sonora.

segunda-feira, setembro 28, 2009

Zero 7 - Swing

-Pera, pra que esssa pressa?
-O MUNDO!
-Que tem ele?
-Tá acabando...
-É verdade.
-Por isso eu tô correndo, pra achar um lugar seguro.
-Pára um pouco, escura só.
-Que linda. Que música é essa?
-É A música, ela tá chegando no final, por isso tá tudo acabando.
-Então...então é você quem tá acabando com tudo?
-Ah...bem...de certa forma sim...me desculpe.
-Eu sou tão jovem, eu não queria morrer, não agora.
-Ah...me desculpa por isso também. Mas ouve, não tens a sensação de que está tudo da forma como deveria estar?
-É, é verdade.
-Bom...poderias me acompanhar, serias a penúltima coisa a partir.
-Não sou uma coisa. Digamos que eu aceite, por que eu seria o penúltimo a ir?
-Ah, porque eu preciso ser a última coisa, regras sabe, não tem jeito, mas eu gostaria de que fosses a última coisa que vejo antes de partir. Poderia ser?
-É...se não tem outro jeito, acho que poderia ser assim.
-Agradeço.
-A música é linda, você quem compôs?
-Ah, muito obrigado, fui eu sim, me alegra que gostes.
-Podemos sentar aqui?
-Por que aqui?
-Porque é alto e tem uma árvore e grama e vento, é um bom lugar.
-De acordo.
-Obrigado.
-Pelo quê?
-Algum tempo extra...

terça-feira, setembro 22, 2009

Eu cheguei ao fundo do poço, engraçado como tenho consciência disso, tá tudo bagunçado, os livros estão jogados, a roupa toda fede a cigarro - costumava ter o teu cheiro nela -, aliás, tudo fede a cigarro, cigarro e mofo, porque eu não abro as janelas faz dias. Não tô pedindo ajuda, tô afundando o máximo que posso e é proposital, preciso curtir esses momentos, não costumo me dar ao luxo de tê-los, eu sou quem mantém as coisas de pé, lembra? Não se culpe - não que eu ache que você o faria - só estou testando alguns limites. Contudo, se você quiser voltar eu paro com tudo... Eu juro...